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Covid-19 elimina décadas de progresso de mulheres no Canadá

06 set 2020, 9:00 - atualizado em 02 set 2020, 14:50
G20
O Canadá tinha a maior taxa de participação de mulheres no G-20, de acordo com relatório da OCDE no ano passado (Imagem: REUTERS/Dylan Martinez)

Parte da estratégia econômica de Justin Trudeau desde que se tornou primeiro-ministro do Canadá tem sido aumentar o poder das mulheres na força de trabalho do país. Funcionou até a Covid-19 chegar.

O Canadá tinha a maior taxa de participação de mulheres no G-20, de acordo com relatório da OCDE no ano passado.

Em comparação, os EUA ficaram em 10º lugar. A taxa de emprego de mulheres canadenses em idade ativa atingiu recorde em setembro passado, segundo dados do departamento de estatísticas do Canadá, mas o vírus eliminou 20 anos de progresso, pelo menos temporariamente.

O grupo cujos níveis de emprego estão mais distantes da situação pré-vírus são mães com filhos em idade escolar. Mulheres também estão reduzindo as horas de trabalho de forma mais acentuada do que homens, e o impacto da Covid sobre a possibilidade de trabalhar se estende por toda a pirâmide econômica.

No centro financeiro do país, onde há iniciativas para aumentar o número de mulheres em cargos de liderança, uma pesquisa mostra que quase uma em cada dez mulheres considerou deixar o emprego, enquanto nenhum homem sequer pensou a respeito.

Dados recentes sobre a força de trabalho devem ser divulgados na sexta-feira no Canadá e nos EUA e enfatizarão o que está em jogo com a reabertura das escolas no outono do hemisfério norte.

Embora o Canadá tenha evitado uma segunda onda de Covid-19 no verão – tem menos de 6 mil casos ativos –, o quadro ainda é de atrasos, incertezas e interrupções.

“Não podemos reabrir totalmente nossas economias até que possamos reabrir escolas com segurança. E podemos não ser capazes de reabrir escolas com segurança”, disse em entrevista Frances Donald, economista-chefe global da Manulife Investment Management.

Existem também consequências para a diversidade, especialmente nos escalões superiores das empresas, onde o progresso das mulheres tem sido lento e difícil. Não é preciso muito para atrasar o relógio.