Covid-19 antecipou em três anos a migração de pessoas físicas para Bolsa, diz CEO da B3
A Selic baixa não foi a única responsável pela grande migração de pessoas físicas para a Bolsa durante este ano. A crise econômica causada pela pandemia de coronavírus também incentivou os investidores a buscarem opções mais rentáveis, a fim de preservar seu patrimônio.
A avaliação é do presidente da B3 (B3SA3), Gilson Finkelsztain. “Aquele comodismo das pessoas de ter seus investimentos em renda fixa com juros altos ficou para trás”, afirmou o executivo, durante sua participação no evento Investidor 3.0, promovido pela Empiricus Research e pela Vitreo. “Certamente, a crise ajudou bastante”, acrescentou.
A B3 encerrou setembro com 3,1 milhões de investidores pessoa física. O número representa um salto de 114% sobre o terceiro trimestre do ano passado, quando havia 1,4 milhão de CPFs cadastrados. Finkelsztain não tem dúvidas de que a pandemia ajudou. “O que a gente veria em dois ou três anos, vimos acontecer em quatro ou seis meses”, disse.
Informação é dinheiro
Além dos juros baixos e da busca por aplicações mais rentáveis, os investidores também se beneficiaram com o crescimento da oferta de informações sobre o mercado de capitais. A educação financeira, aliás, é vista pelo presidente da B3 como essencial para o amadurecimento das pessoas físicas ao lidar com produtos de renda variável.
“Acho que a pessoa física, neste ano, deu um show e, inclusive, calou a boca de muita gente que falava que, na primeira crise, esse investidor colocaria a viola no saco e iria pra casa”, sublinhou Finkelsztain.
O executivo acrescenta que muitos profissionais, no mercado financeiro, acreditavam que as pessoas físicas estavam aderindo às ações de modo desorganizado, sem estudos e sem informações. Mas a crise provou o contrário. “O que a gente viu a partir de março, abril, quando atingimos o pico de volatilidade, foi um comportamento de extrema maturidade da pessoa física”, salientou.
Público-alvo
Essa migração da renda fixa para a renda variável está longe de terminar, e o potencial de novos investidores ainda é grande. Finkelsztain lembra que, atualmente, 20 milhões de pessoas possuem depósitos na caderneta de poupança com saldo superior a R$ 5 mil.
“Ainda temos que educar muito os investidores para realizar essa migração potencial, e seremos também mais exigidos para lançar novos produtos”, afirmou. De qualquer modo, o desafio anima Finkelsztain. “Acho que isso mostrou que estamos no início de ciclo”, disse.
O evento Investidor 3.0 é promovido pela Empiricus Research e pela Vitreo. Durante toda a semana, os sócios de ambas participarão de transmissões ao vivo, conversando com autoridades, empreendedores, gestores e especialistas em investimentos.
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