Covas flexibiliza monopólio do serviço funerário em São Paulo
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, disse hoje (23) que a cidade ainda não enfrentou seu pior momento com relação à pandemia do coronavírus. “O isolamento social é fundamental. O pior ainda está por vir”, afirmou Covas.
O isolamento social no estado de São Paulo ontem (22) chegou a 48% e acendeu o alerta amarelo para o governo paulista.
A taxa ideal de isolamento para diminuir a propagação do vírus e não provocar colapso nos hospitais é acima de 70%, mas o governo admite que uma taxa entre 50% e 60%, que chama de cenário possível, já ajuda a conter o avanço do vírus.
Segundo o prefeito, o vírus está se espalhando por toda a cidade. “Em todas as regiões, em todos os bairros, já temos casos de óbito confirmados que chegam a quase mil na cidade de São Paulo”, disse Covas, ressaltando que, em bairros da periferia como Brasilândia, Sapopemba e Capela do Socorro, a quantidade de óbitos é ainda maior.
Cemitérios
Preocupado com o avanço da doença e tentando evitar que a capital enfrente problema semelhante ao que ocorreu em Guayaquil, no Equador, Bruno Covas informou que será publicado amanhã (24) um decreto flexibilizando o monopólio do serviço funerário na cidade.
Com isso, explicou o prefeito, todos os velórios e sepultamentos nos cemitérios privados poderão ocorrer sem passar pelo serviço funerário da prefeitura.
Covas disse ainda que a prefeitura está elaborando um plano de contingência para que se tenha um planejamento adequado do sistema funerário na capital.
Entre as medidas anunciadas pela prefeitura para o sistema funerário — algumas já em andamento –, estão a ampliação da capacidade dos cemitérios, passando de 240 corpos sepultados todos os dias para 400, além da contratação de mais 220 coveiros e do aumento do número de carros funerários de 36 para 68. Também foi criada uma central telefônica junto ao serviço 156 da prefeitura.
“Suspendemos os velórios para os casos confirmados e suspeitos de covid-19 e reduzimos o velório para uma hora em outros casos, limitando a 10 pessoas [por velório].
Estamos também abrindo 13 mil novas valas e, se necessário, vamos ter capacidade para trabalhar 24 horas por dia na cidade de São Paulo”, disse o prefeito.
Outras medidas anunciadas foram a construção de um centro de logística no Cemitério da Vila Formosa e a compra de oito câmaras refrigeradas que podem armazenar mil corpos aguardando sepultamento.
Covas disse ainda que pretende aumentar a capacidade de leitos hospitalares na cidade.
“Já viabilizamos 2 mil novos leitos. Construímos o hospital de campanha do Anhembi e o do Pacaembu. Já entregamos dois novos hospitais, o de Parelheiros e o da Bela Vista.
Vamos entregar mais dois: o Hospital Nossa Senhora do Caminho e o Hospital da Brasilândia. O hospital do M’Boi Mirim está sendo ampliado.
Mesmo assim, já estamos com 70% dos leitos de UTI [unidade de terapia intensiva] ocupados na cidade de São Paulo”, acrescentou o prefeito.