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Cosan vê vendas de gasolina e etanol mais fracas por lockdowns; diesel está firme

16 mar 2021, 15:57 - atualizado em 16 mar 2021, 16:22
Cosan
É um balanço, o diesel mais forte que o esperado, e gasolina e etanol um pouco mais fracos (Imagem: YouTube/Cosan)

Os mais recentes “lockdowns” implantados em várias regiões do Brasil para combater o avanço da Covid-19 tiveram impacto nas vendas de gasolina e etanol, enquanto a comercialização de diesel está mais forte, principalmente com o escoamento da safra de soja, avaliou o presidente-executivo da Cosan (CSAN3), Luis Henrique Guimarães, nesta terça-feira.

“O lockdown começa a impactar no volume de gasolina e etanol, (mas é) muito menos impacto que no ano passado… em janeiro e fevereiro estava mais forte do que nas últimas semanas”, afirmou ele, durante entrevista a jornalistas após o Cosan Day 2021, que foi feito online.

“Mas no caso do diesel é o contrário, o diesel está muito forte, com a safra, o reabastecimento das cadeias produtivas”, ressaltou.

A Cosan é uma das donas da Raízen, joint venture com a Shell , que atua na produção de açúcar, etanol e bionergia, além de distribuição de combustíveis no Brasil.

“É um balanço, o diesel mais forte que o esperado, e gasolina e etanol um pouco mais fracos”, afirmou ele.

Guimarães tem comentado que, se o governo quiser definir alguma política de combustíveis para eventualmente beneficiar algum setor, como no caso dos caminhoneiros, ele pode fazer isso desde que não interfira em questões de mercado da Petrobras e do setor privado.

Também participando do evento, o diretor financeiro do grupo, Marcelo Martins, disse que um planejado IPO da Raízen independe do que pode acontecer com a Petrobras, em uma nova administração.

“Não existe nenhum tipo de vínculo de IPO com relação à Petrobras (PETR4)”, afirmou, ao ser questionado se a administração da Cosan estaria aguardando o novo presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, assumir para saber qual será a política de combustíveis, antes de lançar o IPO no mercado.

Ao contrário, a Cosan avalia que o “timing” parece mais favorável à realização de uma oferta pública inicial de ações da Raízen antes mesmo de uma operação envolvendo a Compass Gás e Energia, comentou Martins.

O IPO da Compass, que estava encaminhado, foi suspenso pela Cosan no ano passado, devido às condições de mercado.

Agora, após a Raízen ter anunciado a aquisição da rival Biosev, a companhia está mais forte para uma oferta de ações, sem falar que tem grande atratividade como empresa de energia renovável para investidores globais, segundo o executivo.

Tem a prontidão da empresa e o momento de mercado, e acho que essa é uma combinação bem feliz para a Raízen (Imagem: Bloomberg)

“A Raízen tem business internacional, tem uma atratividade muito grande para investidor ESG (sigla para governança ambiental, social e corporativa), é um grande player ‘green’, como a gente posiciona. E este ‘timing’ é ideal para realizar a captação de uma empresa do tamanho da Raízen”, disse ele.

Segundo Martins, a empresa produtora de açúcar, etanol e bioenergia, que atua também na distribuição de combustíveis, “está pronta para fazer uma captação para continuar financiando seu crescimento”.

“Tem a prontidão da empresa e o momento de mercado, e acho que essa é uma combinação bem feliz para a Raízen, prontidão a gente controla mais…”, afirmou.

Ele argumentou que a Cosan, que busca ter quatro de seus principais negócios listados, vai focar na Raízen primeiro uma vez que o grupo não quer ter duas operações sendo realizadas no mesmo momento.

“Ainda que não sejam negócios que têm competição (Raízen e Compass), mas com o fato de queremos gerir de perto esse processo, acreditamos que o ‘timing’ será primeiro para a Raízen e depois possivelmente para a Compass”, concluiu.

Com relação à Compass, ele disse que a empresa continuará monitorando o mercado, e ressaltou que uma próxima etapa importante da companhia envolve as negociações de fatia da Petrobras na distribuidora Gaspetro.

A Compass foi selecionada pela Petrobras como negociadora exclusiva no processo de desinvestimento da Gaspetro, holding de distribuição de gás na qual a petroleira tem 51% de participação.