Cosan (CSAN3): O que fazer com ações da holding após prejuízo de R$ 9,3 bilhões?
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As ações da Cosan (CSAN3) subiam 0,43% nesta quinta-feira (27) mesmo após a empresa reportar um prejuízo líquido não auditado de R$ 9,3 bilhões no 4T24. A XP Investimentos continua recomendando a compra do papel, com um preço-alvo de R$ 18,50 (potencial de alta de 163,53%).
O mercado já saiba em linhas gerais o que esperar da empresa porque a maior parte das companhias da holding já haviam divulgado seus números, mas a XP destacou que o balanço trouxe entre as novidades um Ebitda 19% menor que o esperado para Moove e melhores resultados para Radar, dado a forte valorização do portfólio (R$ 405 milhões de valorização para Cosan).
Antes da divulgação da Cosan, a Raízen havia reportado resultados fracos. Os resultados da Rumo foram fortes, em linha com a expectativa da XP. A Compass foi sólida, mas ligeiramente abaixo da expectativa.
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“A dívida corporativa da Cosan aumentou em R$1,9 bilhões em relação ao trimestre anterior, totalizando R$32 bilhões (incluindo o valor de resgate das ações preferenciais) no final do 4T24. A posição da dívida não considera o valor das ações da Vale (posteriormente desinvestidas por R$9,1 bilhões), portanto, a alavancagem deve diminuir no próximo trimestre”, veem
Já o índice de cobertura de juros da Cosan nos últimos 12 meses (LTM) ficou em 1,1x no 4T24. Para XP, esse índice deve piorar nos próximos trimestres, à medida que as taxas de juros mais altas impactam os resultados financeiros tanto das companhias operacionais quanto do serviço da dívida da holding.
CSAN3: Visão do Itaú BBA e Empiricus Research
O Itaú BBA viu números neutros, em linha com suas estimativas e 5% abaixo frente ao último trimestre. O banco destaca a queda de 21% nos números da Moove frente suas estimativas e 17% abaixo do consenso. Os analistas contam com uma recomendação de compra e preço-alvo de R$ 20 (potencial de alta de 185,7%).
Já a Empiricus Research enxergou uma performance aquém do esperado, com uma queda de 16% no comparativo anual para o Ebitda sob gestão, que ficou em R$ 7,6 bilhões.
“Deduzindo as despesas operacionais e financeiras da holding, além do prejuízo de R$ 4,7 bilhões na venda de participação na Vale, a linha final foi negativa em R$ 9,3 bilhões. Excluindo os efeitos não recorrentes, que incluem não só Vale mas, também, ajustes em Rumo e tributários, o prejuízo líquido ajustado foi de R$ 1,6 bilhão, também revertendo o lucro do 4T23”, explica Larissa Quaresma.
Segundo a Empiricus Research, em termos de geração de caixa, a Cosan recebeu R$ 1,0 bilhão em dividendos, sendo a maior parte da Compass, e pagou R$ 1,3 bilhão em juros, despesas operacionais e pagamento de aquisições passadas, queimando R$ 279 milhões no trimestre.
Com isso, a alavancagem, medida pelo índice dívida líquida/Ebitda, subiu de 2,6x para 2,9x sequencialmente, e o índice de cobertura de juros caiu de 1,2x para 1,1x.
Para Quaresma, a Cosan tem dado bons passos para lidar com o desafio de alavancagem da holding, a partir de questões como troca de gestão na Raízen, venda da participação na Vale em janeiro, com consequente rolagem da dívida da holding e novas vendas de fazendas na Radar no 4T24
“Acreditamos que a companhia está no caminho correto para corrigir os problemas, embora os resultados, provavelmente, levem alguns trimestres para aparecer. Negociando a um desconto de holding superior a 50%, entendemos que o valuation nos dá espaço para esperar; por isso, mantemos a recomendação de compra em Cosan”.