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Cosan (CSAN3) sob nova direção: Os novos rumos da holding, segundo analistas

05 dez 2024, 13:10 - atualizado em 05 dez 2024, 13:10
cosan csan3
(Imagem: Cosan/Divulgação)

A Cosan (CSAN3) realizou reunião na quarta-feira (4) com o seu novo CEO, Marcelo Martins, para explicar as recentes mudanças no comando da holding e estratégias da companhia para o presente e o futuro, com a participação do Bradesco BBI,  XP Investimentos, Banco Safra Goldman Sachs.

O foco da conversa ficou por conta da estrutura de capital da empresa e redução da alavancagem, especialmente na Raízen (RAIZ4) e no nível da holding. Com isso, a Cosan deve mudar seu foco para a eficiência, alocação diligente de capital, retorno sobre investimentos e excelência operacional.

Segundo a XP, as mudanças mais significativas devem vir para Raízen. Para reduzir a alavancagem, os analistas da casa esperam que a Raízen busque oportunidades para vender ativos e reduzir custos. A casa recomenda compra e tem preço-alvo de R$ 18,50 para ação (potencial de alta de 85,37%).

“Acreditamos que a Raízen concentrará seus recursos humanos e de capital em seus negócios principais de distribuição de combustíveis no Brasil e açúcar e etanol, afastando-se do empreendimento de diversificação, reduzindo o capital investido em trading e voltando a escalá-lo para apoiar as operações de açúcar e etanol”, enxergam Regis Cardoso, Leonardo Alencar, Helena Kelm e Pedro Fonseca.

Os analistas também esperam que a empresa reduza seus planos de investimento.

A liquidez de CSAN3 é um problema?

A XP reforça que a equação do fluxo de caixa é sempre uma discussão comum, com a holding possuindo uma dívida corporativa significativa (cerca de R$ 30 bilhões de dívida bruta, incluindo o valor de resgate das ações preferenciais no final do 3T24) que precisa ser paga pelos dividendos das empresas operacionais – algumas das quais não geram atualmente fluxo de caixa livre.

“Embora as participações da Cosan gerem um fluxo significativo de dividendos, acreditamos que esse rendimento seja inferior ao custo atual da dívida (devido às altas taxas de juros)”,

A XP não prevê nenhuma preocupação com relação à liquidez. Para a corretora, a Cosan possui ativos com valor bem superior ao de sua dívida corporativa. Além disso, muitos dos ativos da empresa são líquidos (por exemplo, ações da Vale) e podem ser monetizados caso haja necessidade de caixa.

Quanto a fatia do grupo na Vale, o Goldman Sachs apontou que a gerência da holding não tomou nenhuma decisão sobre a venda da fatia, ainda que isso seja uma possibilidade.

No que se refere a Rumo (RAIL3), o banco explica que a gerência está feliz com o comando da empresa, dada suas entregas sólidas, especialmente uma alavancagem relativamente baixa, mesmo no contexto de forte investimento.

A recomendação do Goldman é neutra, com preço-alvo de R$ 25,30 (potencial de alta de 160,3%)

A visão do Safra para Cosan

O Safra saiu da reunião com uma impressão positiva, já que acredita que a gestão conta com um roteiro claro para lidar com seus principais problemas de curto prazo e para melhor garantir que a cultura corporativa das empresas investidas permaneça alinhada com a da Cosan.

“Temos uma classificação outperform (compra e preço-alvo de R$ 24) para a Cosan, pois continuamos acreditando que ela tem um portfólio muito bom de empresas com características únicas e boas perspectivas”, dizem Conrado Vegner e Vinícius Andrade.

Também consideram o desconto atual de 37% (vs. uma média histórica de 15%) “excessivo”.



Embora a mudança na trajetória esperada e no nível das taxas de juros locais joguem contra a geração de caixa da empresa, as ações da Cosan para reduzir a alavancagem e a direção estratégica clara devem trabalhar a favor da redução desse desconto ao longo do tempo, segundo o Safra.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.