Cosan (CSAN3): BTG corta preço-alvo por ajustes na Raízen (RAIZ4), mas ainda vê ação disparando; veja potencial
O BTG Pactual revisou suas estimativas para Cosan (CSAN3), em meio ao fraco desempenho das ações da Vale (VALE3) — empresa que tem 4,14% de participação, os resultados um pouco mais fracos do que o esperado da Raízen (RAIZ4) e um ambiente de taxas de juro menos favorável, que levaram as ações da CSAN3 a apresentar um desempenho significativamente inferior ao do índice Ibovespa (-31% desde fevereiro).
O banco lembra que há pouco mais de um ano discutiu como as ações da Cosan haviam se tornado difíceis de negociar devido à crescente complexidade e alavancagem do grupo. Posteriormente, os analistas argumentaram que, apesar dessas dificuldades, o valuation da Cosan não refletia adequadamente a capacidade da holding de criar valor por meio de ciclos de investimento, destacando que isso poderia apresentar um ponto de entrada atraente.
Com isso, os analistas revisaram suas estimativas e reduziram suas projeções de Ebitda proforma para 2024 e 2025, com o lucro líquido também sendo revisado para baixo devido às taxas de juros mais altas e a um balanço ainda alavancado.
“Embora acreditemos que o processo de desalavancagem orgânica possa levar mais tempo, vemos uma opcionalidade positiva no potencial da empresa para reduzir a alavancagem por meio de transações inorgânicas e gerenciamento de portfólio. Por fim, continuamos a observar um descompasso significativo entre o preço de tela da empresa e o valor dos ativos no portfólio da Cosan, o que se traduz em um desconto de holding de 32% atualmente”, explicam Thiago Duarte, Pedro Soares, Guilherme Guttilla e Bruno Lima.
Apesar de reduzirem o preço-alvo de R$ 30 para R$ 23, principalmente devido aos ajustes na Raízen, os analistas ainda recomendam compra e preveem um potencial de valorização de 72% nos próximos 12 meses.
Nesta quarta-feira (18), CSAN3 encerrou as negociações com queda de 2,24%, a R$ 13,10.
Desconto para Cosan e decisões para alocação de capital
Para os analistas, os desafios citados e um balanço mais alavancado tornaram a tese mais desafiadora. Embora a Cosan tenha feito progressos no ajuste de sua estrutura de capital, a desalavancagem orgânica pode levar mais tempo do que o inicialmente esperado, uma vez que os dividendos recebidos pela holding foram em grande parte consumidos por sua dívida indexada à Selic.
“No entanto, o desconto de 32% da holding, um dos mais altos da história, e seu desempenho significativamente inferior ao do índice nos levam a crer que essa situação está mais do que precificada. Ou, pelo menos, que o risco/retorno é assimétrico para o lado positivo. Acreditamos que o mercado continua a subestimar a capacidade da empresa de se reinventar e prosperar em meio a condições desafiadoras”.
A Cosan passou por um extenso processo de reestruturação da dívida, com a próxima amortização significativa programada para 2027. Como a liquidez não é uma preocupação, a empresa tem tempo suficiente, segundo os analistas do banco, para avaliar as oportunidades certas para gerenciar seu portfólio à medida que os dividendos das subsidiárias melhoram.
“Além disso, acreditamos que o pragmatismo guiará as decisões de alocação de capital da Cosan, e não descartamos ajustes oportunistas, vendas de ativos ou até mesmo possíveis IPOs (talvez a Compass no futuro?) se as condições de mercado e as valuations forem consideradas favoráveis”, apontam.