Cosan (CSAN3) avalia vender fatia da Vale (VALE3), diz Bloomberg
A Cosan (CSAN3), em busca de reduzir sua alavancagem, considera vender fatia da sua participação de 4,1% na Vale (VALE3), que hoje vale US$ 2,2 bilhões (R$ 12 bilhões), de acordo com informações da Bloomberg.
Ainda segundo as fontes ouvidas pela agência, a Raízen (RAIZ4) também avalia vender seu ativo de distribuição de gasolina na Argentina.
Nesta sexta-feira (27), as ações da RAIZ4 fecharam com alta de 3,61% e as da CSAN3 com avanço de 1,47%. A Vale, por sua vez, recuou 0,45%.
A Cosan não vive o seu melhor momento na bolsa. No ano, as ações da companhia já despencaram 31,37%.
O Money Times entrou em contato com assessoria da empresa, que disse não contar com comentários adicionais sobre o tema.
Uma fonte, no entanto, disse que o grupo não tem intenção de se desfazer da participação na Vale
Analistas rebaixam Cosan
Na visão do BTG Pactual, as ações se tornaram mais difíceis de negociar por dois motivos: crescente complexidade e alavancagem do grupo.
Um dos principais fatores que contribuíram para essa piora foi, justamente, a compra de 4,9% de participação na mineradora em 2022, algo que o mercado nunca engoliu.
De acordo com a Ativa Investimentos, o movimento de venda pode criar algum overhang (presença de um evento que poderá afetar a relação entre a oferta e pressionar o papel) sobre VALE3, uma vez que a posição de Cosan em Vale hoje é de cerca de 4%.
Os analistas ainda lembram que:
- a Cosan já se desfez de um pedaço de sua participação recentemente para fins de gerenciamento de passivo;
- a companhia não conseguiu participar como inicialmente desejava nas decisões da empresa;
- o atingimento do objetivo financeiro do movimento, até aqui, se mostra bem contestável;
- a operação engessou outras possíveis destinações para a alocação de capital da holding, como redução da alavancagem ou aumento no pagamento de proventos.
Para Vale, segundo os analistas, o movimento, se confirmado, em nada altera o entendimento sobre as ações da companhia.
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O Bank of America também reduziu seu preço-alvo para as ações da Cosan de R$ 23 para R$ 20 citando a Vale.
Apesar do corte, os analistas seguem vendo a empresa como uma sólida holding de longo prazo e ressalta as iniciativas para:
- agilizar as operações dos ativos subjacentes,
- reduzir a exposição à Vale ao desfazer a estrutura de colar;
- melhorar a cobertura de juros e desbloquear o valor das subsidiárias.
De acordo com o banco, o desconto de 16% para soma das partes representa um suporte para o valuation.
“Nos últimos 15 anos, a Cosan se tornou uma empresa de portfólio única no Brasil, com ativos insubstituíveis de energia e infraestrutura. Entre 2009 e set/2022, a estratégia recompensou os acionistas com um retorno médio anual de 18% vs. o Ibovespa +8%”, dizem Isabella Simonato e Julia Zaniolo.