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Cosan (CSAN): Para UBS, IPO da Moove ajuda mas não resolve nível de endividamento; veja recomendação

01 out 2024, 18:56 - atualizado em 01 out 2024, 19:01

Na manhã desta terça-feira (01), a Cosan (CSAN3) anunciou que sua subsidiária Moove definiu uma meta de avaliação de US$ 1,94 bilhão para sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos (EUA).

O braço de lubrificantes da Cosan e parte de seus atuais acionistas lançaram uma oferta de 25 milhões de ações e buscam levantar até US$ 437,5 milhões, numa faixa que vai de US$ 14,50 a US$ 17,50 por ação.

O UBS aponta que o processo de IPO ajuda no processo de desalavancagem da Cosan, mas não o resolve completamente. O banco recomenda compra e preço-alvo de R$ 26,00 (potencial de alta de 95,34%).

“Apesar de uma ligeira melhora no último trimestre, o índice de cobertura de dívida da Cosan permanece apertado em 1,3 vez, em comparação com o nível de 1,5 a 2,0 vezes que a gestão sinaliza como adequado. A parcela secundária do IPO ajuda na jornada de desalavancagem, pois a Cosan poderia levantar o equivalente a entre 2% e 4% de sua dívida bruta de R$ 25 bilhões”, dizem os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos, do UBS.

CSAN3: Taxas de juros e a espera por Vale (VALE3)

No entanto, para o UBS, com as taxas de juros permanecendo altas até 2025, o mercado espera que etapas extras na direção da desalavancagem são necessárias, como uma possível redução da participação de 4,1% (R$ 2 bilhões) na Vale (VALE3), que foi negado pela empresa na segunda (30), em comunicado na CVM, ou uma eventual oferta da Compass.

“A empresa vem sinalizando esse possível IPO da Compass, embora neste caso as condições do mercado de capitais local sejam desafiadoras, particularmente considerando questões não resolvidas no gasoduto Subida da Serra e a revisão tarifária da Comgás”.

De acordo com o UBS, o intervalo de preço por ação de US$ 14,50-US$ 17,50 avaliaria a empresa em até US$ 1,9 bilhão de patrimônio líquido (R$ 10,6 bilhões) e até US$ 2,4 bilhões de valor de mercado (R$ 13,1 bilhões), o que implica em alta para o patrimônio líquido de R$ 8,2 bilhões, segundo o modelo do banco. Nessa estimativa, a precificação da Moove ficaria abaixo de outros concorrentes globais.

A Moove oferta 6,25 milhões de papéis, enquanto outros acionistas colocam à venda 18,75 milhões de ações. A Cosan permanecerá como controladora após o IPO, com 60,4% de participação na companhia. J.P. Morgan, BofA Securities, Citigroup, Itaú BBA, BTG Pactual e Santander são os coordenadores globais da oferta. A Moove será listada na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), com o código MOOV

Moove pode crescer de forma inorgânica

Na avaliação do UBS, o posicionamento global diversificado da Moove  é uma plataforma potencial para a empresa continuar se expandindo via aquisições, considerando o grau de fragmentação no mercado global de lubrificantes (mais de 700 fabricantes independentes detêm uma participação de aproximadamente 50% no mercado global).

“A Moove pisou nos mercados estrangeiros com as aquisições da Comma (2012) na Inglaterra, MetroLube (2019) e PetroChoice (2022) nos EUA. Agora, a empresa anunciou que parte dos recursos arrecadados será destinada à aquisição de R$ 410 milhões da fabricante brasileira de lubrificantes DIPI Holdings, que segundo dados da ANP tem uma participação inferior a 1% do mercado doméstico. Com a oferta, a Moove busca levantar  até R$ 600 milhões, antes de impostos”.