Economia

Cortes estão na mira? Saiba o que esperar dos juros americanos (e como eles influenciam o Brasil)

19 mar 2024, 15:53 - atualizado em 19 mar 2024, 15:53
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A inflação americana ainda preocupa, por estar acima da meta para que os juros sejam reduzidos (REUTERS/Kevin Lamarque)

Nesta quarta-feira (20), as economias globais estarão de olhos atentos para o futuro dos juros norte-americanos. A taxa atual, entre 5,25% e 5,5%, é mantida há diversas reuniões, sem que o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, apresente sinais para quando os cortes serão realizados.

De acordo com o CME FedWatch Tool, que analisa as probabilidades para os cortes nas taxas de juros, a reunião mais próxima que concentra a maioria das apostas é a de julho, com 76,3% de otimistas.

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Para junho, que já foi a data preferida do mercado, as chances de cortes estão em 59,5%.

Quando as taxas serão reduzidas?

Isabela Bessa, economista especialista em Investimentos Offshore da Warren Investimentos, acredita na manutenção nas taxas de juros, especialmente por conta da inflação, acima da meta do Fed de 2%.

“As taxas americanas podem parecer baixas para os brasileiros, mas quando a gente olha o histórico dos EUA vemos que essas são taxas altas”, afirma Isabela.

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, também acredita na manutenção das taxas e alerta que o mercado estará de olho em sinais eventuais de que o Fomc considere a possibilidade de cortar os juros apenas em setembro.

Para Igliori, “as políticas monetárias vêm sendo bem conduzidas no Brasil e nos EUA. Em um contexto de grandes incertezas geradas pela pandemia, nos dois países, observamos um processo de desinflação relevante com perdas relativamente baixas em termos de atividade econômica”.

Enquanto isso, David Kohl, economista-chefe do Julius Baer, espera que a inflação americana diminua o suficiente até a reunião de junho, para que um primeiro corte nas taxas seja realizado, seguido por cortes nas reuniões de julho e setembro.

Como os juros americanos afetam o Brasil?

Sobre a influência americana no Brasil, Bessa afirma que “todos os investimentos podem ser impactados pela fuga de capitais, visto que o juro alto lá atrai investidores em busca de segurança com rentabilidade”.

Danilo, da Nomad, complementa: “e aqui o comunicado do Fomc, em conjunto com as projeções dos participantes, deve ter mais impacto do que o Copom. Uma sinalização de que as autoridades americanas já consideram atrasar mais o início dos cortes ou realizar um ciclo de menor de queda dos juros pode gerar movimentos de re-precificação de ativos”.

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Varejo e inflação preocupam o Fed

As vendas no varejo americano apresentaram uma recuperação menor do que a esperada para fevereiro, com os gastos dos consumidores desacelerando durante o primeiro trimestre do ano, enquanto a inflação aumenta.

Essa combinação pode fazer com que o Fed tome uma posição mais cautelosa na hora de cortar as taxas.

A inflação, atualmente em 3,2%, também representa más notícias para o Federal Reserve, que busca a meta de 2%.

Mas Jerome Powell já afirmou que os cortes podem ser realizados antes. Ao Senado americano, ele afirmou que “Acho que estamos no ponto certo, ou seja, estamos esperando para nos tornarmos mais confiantes de que a inflação está se movendo de forma sustentável a 2%”.

“Quando tivermos essa confiança — e não estamos longe disso — será apropriado começar a reduzir o nível de restrição para que não levemos a economia à recessão”, complementou.

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