Cortes de 75 p.b. serão a “velocidade de cruzeiro” da queda da Selic
O Copom cortou ontem a taxa de juro brasileira em 75 pontos-base em um movimento que surpreendeu a maior parte dos economistas. O comunicado que seguiu a decisão de levar a Selic para 13% ao ano também passou um forte recado de que o Banco Central está, agora, olhando com mais preocupação a inflação esperada para 2018. Isso também levou o mercado a antecipar o momento em que veremos a taxa abaixo de dois dígitos.
“O comitê também sinalizou que o corte de 75 p.b. por reunião será, até o próximo aviso, a velocidade de cruzeiro do ciclo de cortes da taxa”, destaca o BTG Pactual em um relatório assinado pelos economistas Eduardo Loyo e Claudio Ferraz. Com isso, o banco agora estima mais dois movimentos de queda de 75 pontos, seguidos por outros três de 50 pontos e um último de 25 pontos em outubro. Isso levaria a Selic para o mesmo nível de 9,75% esperado pelo BTG no começo de 2018, mas agora em outubro desse ano.
“De uma forma geral, o Copom não está mais mencionando o risco de alta para a inflação que ‘sinalize uma pausa no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à persistência da política monetária (serviços), o que poderia sinalizar uma convergência da inflação mais lenta para a meta’ e agora está apenas feliz com o monitoramento continuado da evolução desses componentes do índice de preços”, avalia o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.
Para ele, o Copom deixou a porta aberta para mais um corte neste nível na próxima reunião.