Economia

Corte na Selic não está no radar do Copom; veja o que esperar da reunião do Banco Central

20 mar 2023, 14:50 - atualizado em 20 mar 2023, 14:50
Banco Central regulação criptomoedas
Banco Central: Responsabilidade fiscal, inflação e cenário internacional balizam decisão do Copom sobre a Selic. (Imagem: Agência Brasil)

A atenção do mercado está voltada para o Banco Central. Na quarta-feira (22), o Comitê de Política Monetária (Copom) define o futuro da Selic em meio a uma crise financeira internacional e a novela do arcabouço fiscal. No entanto, nem adianta se animar muito, porque a autoridade monetária não deve mudar o patamar da taxa de juros.

A Selic está em 13,75% ano desde agosto do ano passado e deve continuara assim pelos próximos meses – os mais otimistas projetam os primeiros cortes entre maio e junho. Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, a questão fiscal é o principal vetor para a trajetória da taxa de juros. “Ela determinará se caminharemos para o nosso cenário base, otimista ou pessimista”, afirma.

Vale lembrar que o Ministério da Fazenda correu contra o tempo para apresentar uma proposta de novo arcabouço fiscal para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo era liberar o texto para o Congresso antes da reunião do Copom, mas a ala política do governo ainda não está convencida sobre a nova regra de gastos.

Em relação à inflação, as perspectivas não são das melhores. Em relatório, o Itaú aponta que, desde a última reunião do Copom, as expectativas de inflação reportadas pelo Relatório Focus aumentaram de 5,74% para 5,96% para 2023; de 3,90% para 4,02% para 2024; e de 3,50% para 3,80% para 2025.

O Banco Central já reforçou mais de uma vez em sua ata que as projeções elevadas do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e desancoradas para longo prazo são o que impedem a autoridade de reduzir a Selic.

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Copom de olho lá fora

Além das questões internas, o Banco Central também estará de olho no cenário internacional. O risco de uma crise financeira se espalhar com a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e a crise do Credit Suisse promete desacelerar mais rápido os mercados na Europa e Estados Unidos.

No entanto, o Banco Central Europeu (BCE) ignorou as preocupações e expectativas de a autoridade colocar o pé no freio em relação ao seu aperto monetário. O BCE manteve o plano de elevar os juros em 0,50 ponto percentual.

A decisão deve ser usada como base pelo Federal Reserve. Assim que surgiram as primeiras notícias da quebra do SVB, as projeções sobre o banco central americano viraram de uma alta de 0,50 pp para uma alta de 0,25 pp ou até a possibilidade de uma manutenção dos juros. Mas, após as medidas tomadas por bancos e governos para conter a contaminação no setor, o Fed também pode se manter no plano original, assim como o BCE.

“A extensão dos problemas bancários nos EUA e na Europa ainda permanecem incertos. No entanto, sabe-se que tal choque deve impactar as projeções de crescimento, emprego e inflação nos EUA e na Zona do Euro, o que sugere menor pressão de valorização do dólar global, beneficiando o ambiente de convergência de inflação e juros no Brasil”, destaca Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal.

Por outro lado, um cenário econômico de menor crescimento implica em pressões baixistas para preços de commodities, impactando negativamente a moeda local e a arrecadação do governo.

Com isso, o mercado quer saber qual tom o Copom irá adotar em seu comunicado. Se o discurso for mais brando, os cortes na Selic podem estar mais perto do que o esperado. Agora, que a autoridade monetária endurecer a sua postura, o patamar de 13,75% deve se manter até o final do ano.