Taxa Selic

Corte na Selic: Inflação pode jogar contra campanha pela queda dos juros; entenda

05 jul 2023, 9:30 - atualizado em 05 jul 2023, 14:31
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Última ata do Copom destacou que uma futura queda da Selic está relacionada ao movimento de queda da inflação. (Imagem: Agência Brasil)

O mercado já precificou uma queda da Selic a partir de agosto. E até a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) já sinaliza que o Banco Central estuda dar início ao ciclo de afrouxamento da taxa básica de juros. A Selic vem sendo mantida no patamar de 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.

No entanto, para o plano sair do papel, a autoridade monetária deixou claro que a inflação precisa seguir um movimento de queda.

“O Comitê unanimemente avalia que flexibilizações do grau de aperto monetário exigem confiança na trajetória do processo de desinflação, uma vez que flexibilizações prematuras podem ensejar reacelerações do processo inflacionário e, consequentemente, levar a uma reversão do próprio processo de relaxamento monetário”, destacou a última ata do Copom.

Inflação jogando contra

O problema é que as projeções de inflação para o segundo semestre não são as melhores, tanto que o próprio Roberto Campos Neto já alertou para a pressão nos preços.

No final de maio, Campos Neto apontou que a inflação cheia no Brasil foi a que mais caiu entre os países emergentes, mas que os núcleos ainda demandam atenção. “Vemos que a média de núcleos está caindo, o que é bom, mas mais lentamente que o esperado”, disse durante a Prêmio Inovação para o Desenvolvimento Econômico. “Ainda temos expectativas de inflação de longo prazo elevadas”, completou.

Outra questão é o acumulado nos últimos 12 meses. Entre julho e setembro do ano passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação mensal; com isso, é esperada uma variação negativa em junho. No entanto, o índice registrou altas depois, o que pode influenciar os números dos próximos meses. 

Além disso, mudanças nos impostos também podem afetar o bolso dos brasileiros. No final do mês passado, o governo reonerou totalmente os tributos para gasolina e etanol.

“Veremos uma alta nos preços, principalmente na gasolina, impulsionado pela volta da cobrança do ICMS que pode ter um impacto próximo a 0,5 no IPCA. Nas contas de água e luz o período de seca pode pressionar os custos de geração e distribuição refletindo no preço ao consumidor”, afirma Robson Casagrande, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

Já Luciana Rabello, economista do Itaú Unibanco, alerta para o aumento dos salários. Os dados mostram que os reajustes estão acima da inflação. Quando isso acontece, a tendência é de que os trabalhadores passem a consumir mais, pressionando os preços, em especial de serviços que ainda seguem altos.

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