Corte de 10 milhões barris/dia de petróleo, se mantido, será pouco para sustentar etanol
O mercado global de energia var ser reaberto na segunda-feira, com um olho das usinas brasileiras, ainda em dúvida quanto aos cortes na produção de petróleo. Ao longo da reunião da Opep+ prevalecia a proposta de 10 milhões de barris por dia (bpd), mas ao final do encontro o comunicado conjunto nada confirmou depois do impasse protagonizado pelo México, de acordo com despacho da Reuters.
Chegou-se, inclusive, em cogitar reduções de 20 milhões de bpd antes da conferência, o que seria ideal para reforço dos preços.
O país da América do Norte propôs reduções menores do que os 10 milhões/bpd e a Arábia Saudita, principal player, resistiu, o que poderia anular o acordo feito com a Rússia, membro do grupo dos países não associados.
O barril do Brent, em Londres, chegou a cair na quinta (9) para US$ 31,48, contra US$ 32,84 do dia anterior. O etanol hidratado no Brasil até que melhorou sua posição nas usinas e encerrou a semana com variação positiva de 7,21%, a R$ 1,3990 o litro, reagindo às notícias de que o petróleo subiria mais e tiraria competitividade da gasolina internamente.
Mas mesmo prevalecendo a retirada da 10 milhões de bpd da oferta mundial, haverá pouco espaço para o óleo cru voltar a subir com sustentação, diante dos dados cada vez mais frágeis do PIB global, segundo visão de Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado.
Também para Martinho Ono, da SCA Trading, se mantido os 10 milhões de bpd de cortes, será insuficiente. Mas o trader considera ainda “tudo nebuloso” em relação à decisão tomada pelos produtores.
Em call da Safras com usina cliente anteontem, da região de Ribeirão Preto, foi destacado que a redução, naquele volume, servirá, quando muito, para neutralizar um pouco o esvaziamento das cotações.
Até agora também o petróleo não reagiu às injeções de recursos que os países ricos estão dando, entre as quais os Estados Unidos.
De modo que, também, a estabilização do barril vai depender de novos dados da economia global. Recentemente, a Organização Mundial de Comércio (OMC) falou em menos 30% nos níveis mundiais de transações comerciais e ainda deixou um viés de redução maior conforme novos dados negativos das principais economias comecem a chegar.