Economia

Corte de 0,50 pp da Selic em agosto entra no radar após queda do IPCA; veja a projeção

11 jul 2023, 12:32 - atualizado em 11 jul 2023, 12:32
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Queda do IPCA de junho foi impulsionada por alimentação e bebidas, artigos de residências e transportes (Imagem: Shutterstock)

A deflação de 0,08% divulgada nesta terça-feira (11), combinada com a postura da atual diretoria do Banco Central, abrem espaço para que o início do corte da Selic seja mais forte que 0,25 pontos percentuais, diz o economista André Perfeito.

Segundo ele, a deflação reitera o momento benigno do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — especialmente, porque boa parte da queda está no grupo alimentação e bebidas. “Este bom momento deve durar mais tempo”, diz.

Com isso, o Comitê da Política Monetária (Copom) deve iniciar o processo de corte da taxa básica de juros nos dias 1 e 2 de agosto, uma vez que os critérios estabelecidos estão sendo cumpridos, entre eles a ancoragem das expectativas.

“Levando em conta o estilo da atual diretoria do Banco Central, eles tendem a serem mais incisivos nos seus movimentos”, diz Perfeito ao destacar que a autoridade monetária pode reduzir a Selic em 0,50 pontos percentuais já na próxima reunião.

“Eles cortaram a Selic mais forte que o mercado esperava, subiram mais que o mercado esperava e depois deixaram de lado por mais tempo que o mercado esperava. Não vejo motivo para que não iniciem o corte de juros com 0,50 ponto percentual”, afirma.

O economista ainda estima que a taxa básica deve fechar o ano a 11,75%. A expectativa do Relatório Focus, do BC, é de uma Selic a 12% ao final de 2023.

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IPCA de junho e projeções para o ano

O número do IPCA de junho veio levemente acima das expectativas do mercado — de -0,10%. Na ponta deflacionária, os itens de alimentação e bebidas (-0,66%), artigos de residências (-0,42%) e transportes (-0,41%) foram os principais contribuintes.

Do outro lado, o número foi afetado negativamente pelo aumento dos preços nos setores de habitação (+0,69%), vestuário (+0,35%) e despesas pessoais (+0,36%).

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O chefe de renda variável e sócio da A7 Capital, Andre Fernandes, diz que boa parte da pressão de baixa do IPCA veio do programa do governo para adquirir carros zero. No entanto, como o programa foi encerrado, essa tendência não deve se manter.

“Vale destacar também que na variação anual, ano passado teve três meses de deflação que ainda está na conta dos últimos 12 meses, que foram os meses de julho, agosto e setembro. Conforme passar esses meses, a variação anual tende a voltar a subir”, diz.

Já o co-chefe de investimentos da Arton Advisors, Raphael Vieira, embora ligeiramente acima do esperado, o acumulado de 12 meses do IPCA no Brasil está em 3,16% — número, inclusive, menor do que a inflação das principais economias do mundo.