Economia

Corte de 0,50 ou 0,25 pp? Veja o que o Copom pode fazer com a Selic na Super Quarta

31 out 2023, 12:27 - atualizado em 31 out 2023, 12:27
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O Copom iniciou o afrouxamento da taxa básica de juros em agosto; até agora, já foram dois cortes de 0,50 pp, que levaram a Selic para 12,75%. (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

Amanhã, dia 1º de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para definir o futuro da Selic. O Banco Central iniciou o afrouxamento da taxa básica de juros em agosto deste ano, quando os juros estavam no patamar de 13,75% ao ano.

Até agora, já foram dois cortes de 0,50 ponto percentual, que levaram a Selic para 12,75%. O Banco Central já tinha adiantado em seus comunicados que deve se manter nesse ritmo até a reunião de dezembro, ou seja, o plano seria encerrar 2023 com a taxa em 11,75%.

Para a reunião desta semana, o mercado está alinhado com a autoridade monetária: os dirigentes devem optar manter o ritmo de cortes em 0,50 pp.

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Qual deve ser a postura do Copom?

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, destaca que além de reduzir a Selic em 0,50 pp, o Copom também deve repetir a mensagem de que antevê redução de mesma magnitude nas próximas reuniões.

“Desde a última reunião, não se materializou nenhum dos fatores citados na ata que poderiam elevar ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, afirma. Além disso, Goldenstein aponta que não há razão para que o Copom desacelere o ritmo para 0,25 pp.

A equipe do Itaú lembra que desde a última reunião do Copom, as expectativas de inflação reportadas pela pesquisa Focus recuaram de 4,86% para 4,65% em 2023 e mantiveram-se virtualmente estáveis em 2024 e 2025, acima da meta por todo o horizonte.

Os economistas também esperam um corte de 0,50 pp com as autoridades mantendo o ritmo nas próximas reuniões. Para eles, uma mudança nesta sinalização poderia gerar, neste momento, uma interpretação assimétrica a
favor de um corte mais moderado à frente, de 0,50 pp, sendo que não há os fundamentos atuais não justificam tal desaceleração.

“Apesar do ambiente externo ter se tornado mais complexo (com aumento dos juros longos nos Estados Unidos e deflagração do conflito no Oriente Médio), a depreciação do real em relação ao dólar foi moderada, e, no âmbito doméstico, as divulgações de inflação mostraram dados mais benignos, com queda das principais medidas de núcleos”, aponta o relatório.

Já os analistas do Bank of America afirmam que, mesmo com um corte para 12,25%, a política monetária continua contracionista e longe dos 4,5% que o Banco Central considera neutro.

“A orientação deve limitar-se apenas à próxima reunião e o comitê deve realçar a incerteza do lado externo para manter o ritmo de flexibilização monetária, apesar das condições internas favoráveis”, diz o relatório.

Risco fiscal pressiona a Selic

No entanto, os economistas destacam que a autoridade monetária pode repensar os cortes, dependendo das expectativas de inflação e risco fiscal. O Relatório Focus desta segunda-feira (30), por exemplo, registou uma alta nas projeções para a Selic de 2024 e 2025.

“Chamo atenção desta elevação uma vez que venho há meses alertando que a perspectiva de Selic em 9% para o ano que vem me parecia exagerada para baixo. E, neste sentido, mantenho minha perspectiva da taxa básica terminar o ciclo de cortes em 10,75%”, afirma o economista André Perfeito.

Vale lembrar que, na sexta-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “dificilmente” o governo chegará à meta fiscal de zerar o déficit público em 2024.

Lula disse que vai fazer o que puder para cumprir com a meta estabelecida no arcabouço fiscal, mas que não quer começar o ano que vem fazendo cortes de bilhões de reais em investimentos e obras.

O presidente ainda afirmou que “o mercado é ganancioso” e que fica cobrando uma meta que acredita que vai ser realmente cumprida. Ele também destacou que não é um problema se o Brasil tiver déficit de 0,5% ou 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).

“Se a pauta econômica perder tração no Congresso, conforme últimas declarações de Lula, o Governo deverá enfrentar duro debate sobre o nível da mudança na meta, com risco de desancoragem de expectativas que podem prejudicar o Banco Central no ciclo de redução de juros”, afirma Rafael Passos, analista da Ajax Asset.

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