Corte da Selic: Veja quem vai sentir a queda nos juros primeiro
O Banco Central se preparar para entrar em um ciclo de afrouxamento monetário. Depois de quase um ano mantendo a Selic em 13,75%, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que, se a inflação seguir em movimento de queda, a taxa básica de juros poderá ser cortada em agosto.
O tamanho do corte ainda é uma incógnita. Para o economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, o Banco Central será parcimonioso. Nas suas projeções para 2023, serão dois cortes de 0,25 ponto percentual, seguidos de outros dois de 0,50 pp.
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Já o presidente do conselho de administração do BTG Pactual, André Esteves, aponta que gostaria de ver um movimento mais rápido, com um corte de 0,50 pp já de primeira.
O mercado já se mostra otimista. No Relatório Focus desta semana, a projeção da taxa de juros para o final de 2023 passou de 12,25% para 12%.
Selic mais baixa para quem?
Por mais que o Banco Central comece os cortes em agosto, os efeitos da taxa de juros mais baixa só deve começar a aparecer na economia entre 12 e 18 meses. Ou seja, com essa defasagem o impacto de uma Selic mais baixa só deve aparecer no final de 2024.
“Inicialmente, o reflexo nas famílias será pouco percebido. Nos três primeiros meses, serão no custo de empréstimos e financiamentos. Em até dois anos, os impactos são mais visíveis devido a um fortalecimento da economia e a retomada de investimentos de empresas e novos negócios”, afirma Robson Casagrande, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.
Já no mercado financeiro, esse movimento de mudança nos juros é antecipado. Basicamente, antes mesmo da efetivação do corte, estes impactos já são percebidos com um fortalecimento de ativos de renda variável. Com isso, entre os ativos de bolsa devem sair no lucro os setores de educação, varejo, shoppings e habitacional, além dos fundos imobiliários.
Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero, destaca que os setores com maior dependência de crédito, como de automóveis, eletrodomésticos e construção civil, devem se beneficiar mais dos juros do que setores menos sensíveis ao ciclo econômico, como o elétrico.
“Isso contribui para o barateamento do crédito e, por sua vez, para um aumento do consumo principalmente quando considerado em paralelo o aumento da renda real devido à desaceleração das pressões inflacionárias”, afirma.