Corte da Selic na próxima semana tem tudo para dar errado, aponta ex-BC e economista do Itaú
Semana que vem o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para definir o futuro da Selic e a pressão sobre o Banco Central para um alívio no aperto monetário cresce cada dia mais.
Após o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, o mercado elevou as opostas de mudança de rumo dos Bancos Centrais, uma vez que uma crise financeira tem potencial para desacelerar as economias. Com isso, as autoridades poderiam colocar o pé no freio ou até mesmo começar com o ciclo de cortes nos juros.
No entanto, o economista-chefe do Itaú e ex-diretor de Política Econômica do Banco Central, Mario Mesquita, aponta que uma redução da Selic já na próxima reunião pode ser um erro.
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Em conversa com jornalistas, ele relembrou que em 2011, o Banco Central tentou se antecipar em relação à crise europeia e realizou um “cavalo de pau”. Ou seja, estava em ciclo de alta da Selic e anunciou um corte. O resultado foi que a inflação subiu mais rápido do que o esperado.
“A experiência mostra que em 2011, quando o BC buscou se antecipar a um possível choque para defender a atividade econômica, colocando em segundo plano a meta de inflação, deu bastante errado”, disse. “Eu acho que cortar a taxa de juros agora, no curto prazo, seria muito arriscado e tem boa chance de dar errado”, completou.
O economista ainda destacou que o atual cenário é extremamente volátil no momento devido à quebra dos bancos e que será preciso observar como o Federal Reserve vai reagir. Nas projeções do Itaú, o Fed não deve cortar a sua taxa de juros antes de 2024 – embora possa interromper as altas antes do esperado como uma antecipação ao risco financeiro.
Já o Banco Central aqui do Brasil deve começar a reduzir a Selic já este ano, mas não nos próximos meses. A expectativa é de que a taxa básica de juros termine o ano de 2023 no patamar de 12,5% e em 10% no ano que vem. A autoridade mantém a Selic em 13,75% desde agosto do ano passado.