Economia

Corte da Selic em agosto: Entenda a ata do Copom em quatro pontos

27 jun 2023, 12:35 - atualizado em 27 jun 2023, 12:35
Banco Central
Segundo o Copom, caso a inflação continue em um movimento de queda, é possível uma queda na taxa básica de juros a partir de agosto. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O Banco Central publicou nesta terça-feira (27) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Ao contrário do comunicado da semana passada, que teve um tom mais duro, desta vez a autoridade monetária sinalizou um possível início para o afrouxamento da Selic.

Segundo o texto, caso a inflação continue em um movimento de queda, abrirá espaço para uma queda na taxa básica de juros.

“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, diz.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, aponta para dois pontos. O primeiro é que para a próxima reunião, marcada para dias 01 e 02 de agosto, o BC terá acesso apenas ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho e com outras informações de IPCA-15 de julho em curso.

“Especificamente no IPCA de junho é esperada que haja uma deflação que beira -0,20%, ou seja, a desinflação corrente continuará com certeza. Além disso, formou-se maioria sem a participação dos dois diretores mais dovish [dispostos a baixar os juros] recentemente indicados pelo executivo, o que deverá sacramentar um corte”, afirma.

4 pontos para entender a ata do Copom

Cenário internacional

No quesito cenário externo, o Banco Central aponta que o ambiente se mantém adverso, mesmo com a atenuação do estresse envolvendo bancos nos Estados Unidos e na Europa e do limitado contágio sobre as condições financeiras.

“Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente”, diz a ata.

O Copom ainda destaca que se notou a retomada do ciclo de elevação de juros em algumas economias e a sinalização majoritária de um período prolongado de aperto monetário.

Atividade econômica

Já no Brasil, a autoridade monetária diz que conjunto de indicadores recentes sugere um cenário de desaceleração gradual.

No destaque positivo está o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro semestre. Nos primeiros três meses do ano, a atividade econômica registrou avanço de 1,9%, refletindo o forte desempenho do setor de Agropecuária, que cresceu 21,6%. Esse desempenho não é esperado novamente, sendo que os demais setores mostram números mais contidos: Serviços (+0,06%) e Indústria (-0,01%).

Já no ponto de vista do mercado de trabalho, os dados de emprego formal demonstraram continuidade no aumento do emprego no período mais recente. Por outro lado, a taxa de desemprego se mantém relativamente estável, mas com menor taxa de participação em relação ao período pré-pandemia.

Inflação

Já a inflação ao consumidor se reduziu no período recente, com destaque para as dinâmicas em bens industriais e alimentos.

“Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, apresentaram uma incipiente melhora, mas mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, diz a ata.

É válido lembrar que as metas de inflação para 2023, 2024 e 2025 são de 3,25%, 3% e 3%, nesta ordem, conforme estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O Banco Central avalia que as expectativas de inflação seguem desancoradas das metas.

O Copom também optou por elevar a estimativa de taxa de juros real neutra de 4,0% ao ano para 4,5%. “Dentre os fatores citados que apoiam a elevação da taxa neutra, citou-se uma possível elevação das taxas de juros neutras nas principais economias, a resiliência na atividade brasileira concomitante a um processo desinflacionário lento, assim como a análise de modelos auxiliares que incorporam diferentes metodologias”.

Para o Banco Central, a dinâmica de desinflação pode ser dividida em duas etapas. Na primeira, que já passou, a velocidade de desinflação foi maior, com maior efeito sobre preços administrados e efeito indireto nos preços livres através de menor inércia.

Já a segunda, pela qual a economia está passado, a velocidade de desinflação é menor e os núcleos de inflação, que respondem mais à demanda agregada e à política de juros, se reduzem em menor velocidade.

Contas públicas

Por fim, o Copom também discutiu os impactos do cenário fiscal sobre a inflação. Para a autoridade monetária, a apresentação e a tramitação do arcabouço fiscal reduziram substancialmente a incerteza em torno do risco fiscal.

No entanto, ainda permanecem desafios para o cumprimento das metas estipuladas para o resultado primário. Também foi repetido algo que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, vem dizendo: não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal.

Banco Central: Confira a ata na íntegra

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