Corte da Selic depende de outro fator além de Copom e inflação; entenda
A ata do Comitê da Política Monetária (Copom) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgados nesta terça-feira (27), reacenderam as esperanças de um eventual corte da Selic em agosto. Entretanto, a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) pode adiar o afrouxamento monetário, afirmam economistas.
O Banco Central (BC) ajustou o tom da ata do Copom, após um comunicado duro. Agora, a autoridade diz que uma desaceleração contínua da inflação abre espaço para cortes da taxa básica de juros.
O IPCA-15, por sua vez, reforçou a tendência sinalizada pela autoridade monetária. A prévia do indicador desacelerou para 0,04% em junho e ficou em 3,40% no acumulado de 12 meses, se aproximando do centro da meta.
No entanto, o economista da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, afirma que a decisão do CMN em relação às metas para a inflação é quem será decisiva para a trajetória da política monetária nos próximos meses.
A queda recente das expectativas para o IPCA e a desaceleração dos núcleos do indicador fez com que o mercado previsse uma manutenção e mudança do regime de metas para contínuo. “Esta seria uma ‘não mudança’, na medida em que o Banco Central já leva em consideração o horizonte relevante da política monetária e não apenas o ano calendário”, diz o economista.
Por outro lado, um eventual aumento da meta pelo CMN deve elevar as expectativas da inflação e, consequentemente, atrasar o início do processo de queda da Selic, afirma Camargo.
O que esperar da inflação em junho?
A desaceleração da prévia da inflação em junho, de 0,51% para 0,04%, foi impulsionada pelo arrefecimento dos combustíveis e alimentação. No mesmo sentido, os itens de cuidados pessoais, como higiene e beleza, ajudaram na descompressão mensal.
Já a pressão altista no mês decorreu das passagens aéreas (+10,70%, ante -17,26%) e da energia elétrica.
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A leitura da prévia do IPCA trouxe abertura qualitativa “um pouco pior que o esperado”, afirma a estrategista de inflação na Warren Rena, Andréa Angelo. O resultado, porém, não é suficiente para alterar a avaliação de que a desaceleração dos núcleos e serviços devem encerrar o ano próximo a 5%.
Para frente, a estrategista segue vendo deflação para o IPCA de junho, mas revisou a queda para -0,06%. Isso devido à diminuição da intensidade do efeito da medida provisória de desconto de automóveis em junho.
A Warren projeta um IPCA de 0,18% em julho e de 4,8% no ano.