Ouro

Corrida ilegal do ouro avança sobre terras Yanomami na Amazônia

16 abr 2022, 20:00 - atualizado em 12 abr 2022, 17:06
Amazônia
(Imagem: Pixabay)

A corrida ilegal do ouro na floresta amazônica brasileira está alimentando uma onda de destruição de terras ocupadas pelo maior grupo de povos indígenas da América do Sul que ainda vive em relativo isolamento, os Yanomami.

A supervisão frouxa e o apoio à mineração informal por parte das autoridades brasileiras estiveram por trás de um salto de 46% na degradação das terras Yanomami no ano passado, na forma de desmatamento e contaminação da água e do solo, de acordo com relatório divulgado segunda-feira.

Garimpos destruíram 3.272 hectares, com o tamanho da área dobrando desde 2018, de acordo com a última edição do relatório “Yanomami Sob Ataque”, que é preparado por grupos comunitários com apoio do Instituto Socioambiental. A presença dos garimpeiros também está introduzindo mais doenças, armas e álcool.

Os Yanomami estão enfrentando uma segunda grande corrida do ouro desde a década de 1980, com cerca de 20.000 garimpeiros ilegais dentro de uma área de floresta que se estende entre Brasil e Venezuela.

A crescente ameaça às comunidades remotas da Amazônia surge no momento em que o governo do presidente Jair Bolsonaro pretende permitir a mineração em terras indígenas em um projeto de lei que é contestado até por grandes mineradoras. Enquanto o congresso se prepara para votar o projeto, cerca de 7 mil indígenas estão acampados na capital do país em protesto.

O estudo atribui a maioria dos fatores por trás do aumento da mineração ilegal na região a escolhas políticas, incluindo um enfraquecimento da supervisão, falta de transparência e apoio do governo aos mineradores informais. Nem o Palácio do Planalto, nem o Ministério de Minas e Energia quiseram comentar.

Além dos danos ambientais, 273 comunidades sofrem com a disseminação de doenças infecciosas como malária, desnutrição, contaminação por metilmercúrio usado na mineração e sobrecarga nos sistemas de saúde. O estudo estima que mais de 16 mil pessoas sejam afetadas, ou 56% da população em terras Yanomami.

Líderes indígenas reclamam da circulação de garimpeiros fortemente armados em áreas que costumavam ser usadas para caça, pesca e agricultura. Há também relatos de aliciamento de jovens com promessas de bens e armas. A introdução de drogas e álcool também está alimentando tensões na comunidade.

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