Investimentos

Coronavírus pode ser elefante na sala ignorado por estrategistas

20 nov 2021, 13:00 - atualizado em 19 nov 2021, 23:21
Pessoas usando máscaras passam por restaurante fechado em Paris em meio à pandemia de Covid-19 na França 06/05/2021
Em levantamento do Bank of America esta semana, gestores de fundos classificaram a Covid-19 como apenas o quinto maior risco de causa (Imagem: REUTERS/Sarah Meyssonnier)

Um novo choque da pandemia pode pegar operadores e estrategistas de investimento desprevenidos.

Enquanto países da Europa anunciam novas restrições que incluem lockdown total, relatórios de pesquisa que destacam riscos e oportunidades para 2022 parecem ignorar completamente o coronavírus. A palavra “lockdown” nem mesmo é mencionada em previsões para a Europa no ano que vem divulgadas pelo Goldman Sachs e Morgan Stanley.

Em levantamento do Bank of America esta semana, gestores de fundos classificaram a Covid-19 como apenas o quinto maior risco de causa, sendo que apenas 5% mostraram preocupação sobre o possível impacto nos mercados. Inflação, aumento dos juros pelos bancos centrais, estagnação do crescimento chinês e bolhas de ativos estão no topo da lista.

Em relatório de 72 páginas sobre as perspectivas para 2022 divulgado esta semana, a UBS Global Wealth Management afirma que seu cenário central é que a atual onda da pandemia “não se intensifique a ponto de novos lockdowns serem necessários”. O relatório foi publicado um dia antes das restrições da Áustria e alertas de que a Alemanha pode ter que seguir pelo mesmo caminho.

Os mercados acionários europeus ainda sinalizam otimismo. Enquanto ações de viagens e lazer registraram forte queda com as notícias, o índice de referência Europe Stoxx 600 perdeu apenas 0,6% na sexta-feira, muito longe do pânico do mercado causado pelos lockdowns do ano passado.

Um relatório do HSBC de outubro detalhando o que poderia dar errado em 2022 talvez ajude a explicar a reação mais tranquila. Uma nova onda de Covid não precisa ser necessariamente uma má notícia para os mercados, porque “os sinais de superaquecimento da demanda podem desaparecer, o que reduziria a preocupação em torno da estagflação e do aperto prematuro dos bancos centrais”, escreveram estrategistas liderados por Max Kettner.