Coronavírus acelera futuro digital de bancos globais
Quando os espanhóis enfrentavam um dos confinamentos mais rigorosos para conter a propagação do coronavírus, os negócios do banco digital Openbank do Santander (SANB11) expandiam em ritmo acelerado.
A base de clientes de corretagem cresceu 58% nos primeiros quatro meses do ano, e as negociações de ações, fundos de índices (ETFs) e garantias na plataforma mais que dobraram.
O confinamento transformou as pessoas em seres digitais “por decreto”, diz Ezequiel Szafir, diretor-presidente do Openbank.
Como a tendência deve continuar, ele vê bancos do futuro se parecendo cada vez mais com a Amazon.com – frentes de lojas online para produtos financeiros da mesma maneira que a varejista opera para bens de consumo.
“A Amazon pegou algo real, que é o varejo, e simplesmente o tornou digital”, disse Szafir, ex-executivo da Amazon contratado em 2015 para liderar a nova plataforma online do Openbank. “Estamos tentando fazer a mesma transformação no setor bancário”, disse em entrevista em Madri.
Empresas que revisam estratégias pós-Covid 19 estão descobrindo que a atividade online – como compras, jogos, serviços bancários e redes sociais -, que transformava os negócios mesmo antes da pandemia, floresceu.
Para o banco de varejo, uma pesquisa realizada pela McKinsey a partir de meados de abril mostrou um salto de até 20% no uso de canais digitais em toda a Europa. Mais de um em cada cinco clientes na Espanha e no Reino Unido usaram serviços bancários online pela primeira vez.
Gastar trilhões
“Muitos grupos bancários estão adotando uma estratégia híbrida combinando o esforço de transformar o banco original e também desenvolvendo um ‘neobank’; ou, pelo menos, algumas lanchas, às vezes em aliança com a fintechs”, disse Francisco Uria, responsável por serviços financeiros da Europa, Oriente Médio e África, bancos e mercados de capitais na KPMG.
Bancos globais gastarão cerca de US$ 1 trilhão ao longo de três anos para colocar mais operações online, de acordo com relatório da Accenture.
Os gastos com transformação digital têm sido liderados por bancos dos EUA: o JPMorgan Chase tem orçamento anual de US$ 11,4 bilhões por ano.