Coreanos transferem milhões para filhos para fugir de impostos
Alguns mal têm idade para andar e conversar e muito menos para entender o mercado de ações. Mas, graças às leis tributárias da Coreia do Sul, um número crescente de crianças com apenas 1 ano possui ações avaliadas em milhões de dólares.
Essas crianças ricas aparecem cada vez mais nos registros de acionistas. Magnatas idosos que impulsionaram a industrialização da Coreia no pós-guerra têm transferido suas participações para descendentes com o objetivo de evitar impostos sobre heranças, que podem chegar a 50%, a segunda maior alíquota entre países da OCDE.
Ao presentear ações em vida em vez de repassá-las na morte, as famílias ricas da Coreia do Sul podem legalmente reduzir sua carga tributária.
Embora estratégias semelhantes de minimização de impostos sejam comuns em todo o mundo, as ações presenteadas em outros países geralmente são administradas por meio dos chamados trusts até que as crianças atinjam a idade adulta. Na Coreia, onde os trusts oferecem poucas vantagens tributárias e alguns magnatas têm receio de confiar seus ativos para terceiros, a preferência é oferecer ações diretamente.
O resultado é uma visão mais transparente de como a elite corporativa do país transfere sua riqueza para as gerações mais jovens.
Nos 59 grupos empresariais coreanos com ativos acima de 5 trilhões de wons (US$ 4,31 bilhões), pelo menos 19 crianças menores de 18 anos são listadas como proprietárias de ações, segundo documentos de empresas compilados pela Bloomberg. O valor combinado dessas ações soma cerca de US$ 29 milhões.
A maior participação, no valor de US$ 20 milhões, é controlada pelo bisneto de 15 anos de Huh Man-jung, fundador do conglomerado GS Holdings. Na Hansae Yes24 Holdings, uma fabricante de roupas com sede em Seul, quatro crianças entre 1 e 5 anos de idade possuem participações combinadas de cerca de US$ 1,3 milhão.