Economia

Copom tirou ‘coelho da cartola’ ao elevar a Selic, diz chefe de economia do BofA

12 dez 2024, 13:02 - atualizado em 12 dez 2024, 16:25
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Na avaliação de David Beker, a decisão acompanhada do guidance para as próximas reuniões também deve reduzir os ruídos da transição da presidência do BC (Imagem: Rmcarvalho/iStock - Montagem: Giovanna Figueredo)

A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe uma surpresa: a volta das orientações futuras (forward guidance) para as próximas duas reuniões.

Na avaliação de David Beker, chefe de economia para Brasil e estratégia para América Latina do Bank of America (BofA), o Copom “tirou o coelho da cartola” em uma decisão “excelente”.

Ontem (11), o Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e já adiantou mais duas elevações adiante de mesma magnitude — em janeiro e em março —  levando os juros a 14,25% ao ano

“Eles tiraram o coelho da cartola, porque, basicamente, eles conseguiram se comprometer com um ajuste razoável da taxa de juros e agradaram tanto àqueles que estavam pedindo mais quanto àqueles que estavam achando que, eventualmente, não precisava elevar em 100 pontos-base”, disse Beker em conversa com jornalistas na sede do BofA nesta sexta-feira (12). 

Até ontem (11), o banco projetava uma taxa Selic a 13,75% no final de 2025. Com o novo guidance do BC, as estimativas para os juros foram elevadas para 14,25% no próximo ano. “Não é uma mudança muito grande”, disse Beker.

Segundo ele, os juros elevados trazem um risco de desaceleração da atividade econômica, mas a mudança de cenário deve ser “marginal”. 

Além disso, as expectativas de inflação — que têm sido uma das ‘pedras no sapato’ do BC — não tendem a ancorar “tão rápido”, mesmo com a Selic mais elevada. 

“É difícil saber em qual nível vai ancorar, mas esse processo de ancoragem das expectativas vai acontecer ao longo do tempo”, disse. 

Ele também considera que os riscos de alta nos juros estão “no lado positivo”. “Óbvio que, se o tempo passar e os dados ainda mostrarem uma economia muito forte e as expectativas continuarem subindo muito, eventualmente, o risco é ele ter que fazer mais [elevações nos juros]”, afirmou. 

David Becker, chefe de economia para Brasil e América Latina no Bank of America
David Beker, chefe de economia para Brasil e América Latina no BofA

Uma ‘ajudinha para Galípolo” 

Além de mostrar que o Banco Central está atento às mudanças de cenário, principalmente do lado fiscal, a decisão do Copom também ajuda na transição de comando da autarquia, na visão de Beker. 

O atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, assume a presidência do BC em janeiro com o fim do mandato de Roberto Campos Neto

“[O guidance] minimiza o ruído da transição, de sair desse cenário de Campos Neto e ir para esse cenário do Galípolo”, disse. 

O que esperar daqui para frente 

Com a revisão da Selic para cima, o BofA atualizou as estimativas para os principais indicadores econômicos. 

Para este ano, a previsão de inflação subiu de 4,6% para 4,9% e em 2025, aumentou de 3,9% para 4,5% —  no teto da meta de inflação a ser perseguida pelo BC. 

A economia brasileira deve crescer 3% neste ano. Em 2025, Produto Interno Bruto (PIB) deve desacelerar para 2,0% no próximo ano — abaixo do potencial de 2,2%, na visão do economista-chefe David Beker —, devido ao menor impulso fiscal e taxas de juros mais elevadas. 

 Em relação à renda variável, o banco projeta o Ibovespa (IBOV) em 145 mil pontos no final de 2025 — o que representa uma alta de 15%. 

Segundo Beker, o fluxo estrangeiro depende mais da questão global, ainda com incertezas sobre quais políticas serão implementadas pelo [presidente eleito nos Estados Unidos] Donald Trump. Isso afeta mais a percepção de risco do que fatores domésticos”, afirmou.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
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