Copom ‘ignora’ falas de Lula sobre fiscal e sinaliza futuros cortes na Selic; confira
O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o seu terceiro corte consecutivo de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. Com isso, a taxa básica de juros deixa o patamar de 12,75% e vai para 12,25% ao ano.
O Banco Central manteve o ritmo do afrouxamento monetário, assim como adiantou na ata passada, e também estava em linha com as projeções do mercado.
“Não fazia sentido acelerar o ritmo para 0,75 pp. Até porque as expectativas estão desancoradas para o ano que vem, as expectativas de uma inflação de 3,5% para 2024 e 2025, sendo que a meta é de 3%. Além disso, há uma deterioração fiscal nova no horizonte e um cenário conturbado lá fora”, afirma economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.
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Existia uma dúvida em relação às próximas reuniões, já que o governo está considerando alterar a meta fiscal, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer que “dificilmente” zeraria o déficit público. Parte do mercado passou a projetar cortes mais contidos, de 0,25 pp.
Selic deve encerrar 2023 em 11,75% ao ano
O comunicado do Copom, por outro lado, reforçou que, se confirmando o cenário esperado, os dirigentes do Banco Central anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
“O BC seguiu sinalizando corte de juros ao ritmo de 50bps para as reuniões seguintes, sem restringir o horizonte prospectivo para apenas uma reunião adicional, ao manter o plural do termo “nas próximas reuniões” no parágrafo sobre o futuro da política monetária”, apontam Étore Sanchez e Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos.
Ou seja, segue a projeção de que a Selic termine o ano de 2023 no patamar de 11,75%. Ainda assim, o Banco Central aproveitou para dar um leve puxão de orelha no governo.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, diz o comunicado.
Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, destaca que, além de voltar a falar das metas fiscais, o Banco Central também pontuou sobre o cenário internacional.
“A principal novidade foi a ênfase dada para a abertura da curva nos EUA, que é entendida por nós como um dos grandes desafios para a continuidade do processo de corte de juros no ano que vem”, afirma.
Já Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, avalia que apesar de antecipar os próximos cortes de 0,50 pp, o tom do comunicado é mais hawkish (contracionista), pois parece haver menor visibildiade e confiança quanto a extensão total do ciclo.