Economia

Copom eleva Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano

15 jun 2022, 18:39 - atualizado em 15 jun 2022, 19:27
Inflação
A elevação da Selic a 13,25% veio conforme o que o mercado projetava e é uma resposta das autoridades monetárias para a inflação no país (Imagem: Pixabay/@geralt)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou nesta quarta-feira (15) a Selic, taxa básica de juros do Brasil, em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano.

O nível da revisão veio conforme o que o mercado projetava e é uma resposta das autoridades monetárias para a inflação no país.

Em comunicado, o BC citou a deterioração do ambiente externo, com revisões negativas para o crescimento global em um ambiente de “fortes e persistentes pressões inflacionárias”.

“A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente, tanto em componentes mais voláteis como em itens associados à inflação subjacente”, disse o banco central.

Os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a maio, mostraram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,47% no mês passado.

Isso representa uma desaceleração em relação a abril, quando o índice avançou 1,06%.

A variação mensal ficou abaixo das projeções do mercado, que esperava um aumento de 0,6%.

Apesar de dados melhores que o esperado, o IPCA ainda acumula uma alta de 11,73% nos últimos 12 meses.

No comunicado, a instituição também lembrou que a reprecificação da política monetária em países avançados, como Estados Unidos, elevou a incerteza e gerou volatilidade adicional, em especial nos países emergentes.

O Copom vê como apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando de maneira significativa em território ainda mais contracionista.

O comitê enfatizou que “irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. As autoridades sinalizaram um novo ajuste, de igual ou menor magnitude, para a próxima reunião.

Veja o comunicado na íntegra:

Em sua 247ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 13,25% a.a.

A atualização do cenário do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

  • O ambiente externo seguiu se deteriorando, marcado por revisões negativas para o crescimento global prospectivo em um ambiente de fortes e persistentes pressões inflacionárias. O aperto das condições financeiras motivado pela reprecificação da política monetária nos países avançados, assim como pelo aumento da aversão a risco, eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes;
  • Em relação à atividade econômica brasileira, o conjunto dos indicadores divulgado desde a última reunião do Copom indica um crescimento acima do que era esperado pelo Comitê;
  • A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente, tanto em componentes mais voláteis como em itens associados à inflação subjacente;
  • As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação;
  • As expectativas de inflação para 2022, 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 8,5%, 4,7% e 3,25%, respectivamente; e
  • No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,90*, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). Esse cenário supõe trajetória de juros que termina 2022 em 13,25% a.a., reduz-se para 10,0% em 2023 e 7,50% em 2024. Optou-se por manter a premissa de que o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses, terminando o ano em US$110/barril, e passa a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2022, de 2023 e de 2024. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 8,8% para 2022, 4,0% para 2023 e 2,7% para 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de 7,0% para 2022, 6,3% para 2023 e 3,3% para 2024. As projeções do cenário de referência não incorporam o impacto das medidas tributárias sobre preços de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações que estão em tramitação. O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual e cresceu desde a última reunião.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas fiscais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporadas nas expectativas de inflação e nos preços de ativos. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local; e (ii) uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada. Avaliou-se que as medidas tributárias em tramitação reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária. O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos.

Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,25% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude. O Comitê nota que a crescente incerteza da atual conjuntura, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza e Renato Dias de Brito Gomes. 

*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.

Confira abaixo este gráfico realizado pelo Money Times com a trajetória da Selic nos últimos cinco anos.

FOMC

Autoridades monetárias do banco central dos EUA também elevaram nesta quarta a taxa de juros do país.

Os juros norte-americanos aumentaram em 0,75 ponto percentual, a 1,5-1,75%.

O aperto monetário – o maior desde 1994 – coloca a taxa de juros ao nível mais alto desde março de 2020.

Além disso, eles aumentaram as projeções para a meta dos juros nos próximos anos por conta da inflação mais apertada.

A mediana da expectativa para a taxa básica de juros subiu para 3,4% até o fim de 2022 (contra 1,9% projetado em março).

Para 2023, a meta foi revisada para 3,8%, de 2,8% em março. A taxa estimada para o fim de 2024 é de 3,4%.

O Fed também revisou as estimativas para a inflação, que deve terminar o ano em 5,2%, acima da previsão de 4,3% em março.

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