Copom e Fed: Descolamento do Ibovespa em relação aos EUA é ‘o mercado descartando Bolsonaro’, diz Zeina
Acontece nesta quarta-feira (16), a divulgação das taxas de juros do Brasil e dos Estados Unidos, anunciada pelo Banco Central (BC) e pelo Federal Reserve (FED), respectivamente.
A expectativa é a de que o Copom anuncie uma alta no juros, bem como o Fed, que aumentou a taxa em 0,25 pontos percentuais.
Apesar de as decisões norte-americanas sempre respingarem de alguma forma na economia brasileira, o que tem sido visto nos últimos meses é que o Ibovespa não acompanha as mudanças do Fed da mesma forma que outrora.
Isso porque, segundo um relatório do Bank of America (BofA), “os países e setores de commodities tendem a se sair bem no primeiro ano de alta do Fed”, com os mercados de ações de lugares como a Índia, a Rússia, a África, o Chile e, é claro, o Brasil “continuando a ter um bom desempenho em momentos de altas nos juros norte-americanos”.
Para Zeina Latif, ex-economista-chefe da XP Investimentos e atual consultora da Gibraltar, o descolamento do Ibovespa e do Fed acontece também por conta de uma mudança de visão do mercado em relação ao governo Jair Bolsonaro (PL) e como uma reação ao ano eleitoral.
Segundo ela, a possibilidade de uma eventual reeleição de Bolsonaro sem a certeza de Paulo Guedes como ministro da Economia, preocupa — o que faz com que o mercado “dê o benefício da dúvida ao candidato Luis Inácio Lula da Silva (PT)”.
“Já observávamos um descolamento do dólar, da Bolsa, em relação a outros mercados emergentes. Não foi algo exclusivo do Brasil, mas aqui é mais forte, por conta das eleições. É o mercado descartando Bolsonaro”, afirma.
“A fraqueza [de Bolsonaro] nas pesquisas acabou gerando uma percepção de dar o benefício da dúvida ao Lula. É o jogo eleitoral”, diz.
Mas, para a economista, a visão do mercado sobre Lula pode ser um tanto quanto ingênua.
“O Lula agora tem um discurso mais político, mas ali na frente vai falar da economia, e falar que teria a experiência de fazer o mesmo que fez para a economia que fez durante seu primeiro mandato, mas hoje a situação é muito pior do que a daquela época”, explica.
Latif afirma que “hoje seria preciso fazer um esforço fiscal para estabilizar a dívida fiscal” e que “os esforços feitos no começo dos anos 2000 podem não ser suficientes hoje”.
Agora, resta esperar o que vai acontecer com a Selic.