Economia

Copom deve pausar cortes na Selic já na próxima reunião, diz UBS BB; e agora?

24 maio 2024, 12:04 - atualizado em 24 maio 2024, 12:10
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UBS BB não vê cortes na Selic nas duas próximas reuniões (Imagem: Divulgação/Banco Central)

O UBS BB amargou as projeções para o afrouxamento monetário brasileiro. Em relatório de quinta-feira (23), os economistas do banco avaliam que o Comitê de Política Monetária (Copom) não deve cortar a Selic nas duas próximas reuniões, para controlar as expectativas da inflação de 2025.

Nas últimas cinco semanas, o consenso do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o próximo ano aumentou “significativamente”: de 3,53% em 5 de abril para 3,74% em 17 de maio.

“Esta mudança inesperada foi desencadeada por uma impressão surpreendente do CPI dos Estados Unidos, uma mudança no guidance de Campos Neto e uma decisão e uma ata divididas na última reunião do Copom”, avaliam Alexandre de Azara, Fabio Ramos e Rodrigo Martins.

Nesse cenário, os economistas observaram um “cabo de guerra entre as expectativas e a inflação do próximo mês”. “As piores expectativas de inflação venceram”, ressaltam.

Para a reunião de junho, Azara, Ramos e Martins afirmam que uma decisão unânime seria preferível e ideal. “Acreditamos que isso ajudaria a restaurar parte da perda de credibilidade do Banco Central (BC). Poderia ser a melhor e mais barata maneira de recuperar a credibilidade”, avaliam.

Porém, pode ocorrer outra votação dividida, considerada “o pior dos cenários potenciais”. “Esse resultado validaria a narrativa de um BC pacífico e poderia custar mais no futuro, uma vez que esperaríamos que as expectativas de inflação aumentassem ainda mais”, dizem.

Existe também a possibilidade improvável, segundo o UBS, de um corte de 0,25 ponto percentual. “Isso aumentaria o risco de novas altas nas expectativas do IPCA, uma vez que os modelos com uma expectativa de inflação de 3,8% em diante recomendam uma pausa”, afirmam.

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Piora nas expectativas de inflação

Para os economistas do UBS BB, três razões principais explicam a recente deterioração das expectativas de inflação. São elas:

  1. momento “infeliz” da mudança da meta fiscal para 2025, de um excedente de 0,5% para zero. “Embora a previsão do déficit para 2024 e 2025 não tenha mudado, existe uma preocupação geral de que o governo esteja prestes a alterar a regra orçamental ou o seu padrão de despesa”, dizem;
  2. mudança no guidance que acompanhou a decisão dividida do Copom. “A maioria dos participantes no mercado interpretou a votação dividida como um sinal de conciliação deliberada, o que aumentou a expectativa de inflação para 2025”, afirmam;
  3. Inundações no sul do Brasil, que atrasaram o momento em que a inflação poderia surpreender as expectativas do Focus para o lado negativo.

Selic: Fim do afrouxamento monetário?

Apesar de certo ceticismo em relação ao futuro da política monetária, o UBS BB reforça que trata-se de uma pausa, não uma parada brusca. Os economistas avaliam a possível decisão do Copom como uma “pausa unânime, com o objetivo de restaurar a confiança”.

Eles esperam que o ciclo de afrouxamento volte em setembro. “Isto é muito diferente da visão consensual de uma parada brusca em 10,50% ou 10,25% para a grande maioria dos analistas”, reiteram.

Azara, Ramos e Martins acreditam que as reduções na taxa básica de juros, provavelmente, serão retomadas, com base em um corte do Federal Reserve em setembro e em uma inflação melhor que o esperado nos próximos quatro meses.

“Sem estas condições, acreditamos que um resultado provável seria uma taxa fixa ao longo do ano. Contudo, no nosso cenário base, estas condições concretizam-se, permitindo que a taxa desça para 9,75% no final do ano. Projetamos 8,5% para o próximo ano nessas circunstâncias, embora mais tarde do que na nossa estimativa anterior”, finalizam.