Copom decreta fim do aperto da Selic e Fed chega atrasado na última Super Quarta do ano
A última “Super Quarta” de 2022 chega ao fim com decisões distintas dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil. Enquanto o Federal Reserve elevou a taxa de juros norte-americana em 0,75 ponto percentual (pp), pela terceira vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por encerrar o ciclo de aperto da Selic.
Tal divergência realça a posição de vanguarda do BC brasileiro, que iniciou o processo de aumento dos juros básicos ainda em março de 2021. “Como se sabe, o Brasil foi o primeiro lugar no mundo a ajustar a taxa de juros – e fez muito”, ressalta um diretor da mesa de tesouraria de um banco estrangeiro.
Vale lembrar que o ciclo de aperto da Selic começou há cerca de um ano e meio, quando a taxa estava no mínimo histórico de 2%. Para o economista-chefe da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo, o BC brasileiro se antecipou à perspectiva de piora da inflação.
Brasil tem histórico de inflação
Dito isto, a maioria – se não todos os ciclos inflacionários anteriores no Brasil – foram impulsionados principalmente por fatores internos. “Ou seja, um processo idiossincrático devido a uma situação doméstica específica”, emenda o profissional citado acima, sob a condição de não ser identificado.
Nesse sentido, nos últimos 40 anos, o Brasil teve muitos períodos de inflação com o restante do mundo desfrutando de uma situação que provavelmente não aconteceria tão cedo. “Mas desta vez é diferente porque a inflação se tornou um problema global”, completa o diretor.
Temporário por tempo indeterminado
Até que, então, o Fed finalmente decidiu abandonar o discurso anterior mais suave (“dovish”) para se concentrar no combate à alta da inflação. “O Fed estava com a narrativa de transitoriedade”, observa o economista da Órama.
Ele se refere ao discurso até o início deste ano do presidente do Fed, Jerome Powell, de caráter temporário da alta dos preços – o que não se confirmou. Com isso, o Fed está “atrasado”.
Por isso, o BC dos EUA precisou elevar hoje a taxa de juros nos EUA para o maior nível desde 2008. “O Fed está correndo atrás para retomar a confiança dos agentes econômicos”, completa Espírito Santo.
Para ele, a perspectiva de juros altos por mais tempo nos EUA, além de novas elevações até o intervalo entre 4,25% e 4,50% neste ano, parecem inevitáveis.
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