Taxa Selic

Copom mantém Selic a 10,50% ao ano e defende cautela com desinflação mais lenta

31 jul 2024, 18:36 - atualizado em 31 jul 2024, 19:02
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Copom mantém Selic no patamar de 10,50% ao ano (Imagem: Agência Brasil)

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano na reunião desta quarta-feira (31). Os diretores ressaltaram a desinflação mais lenta, a desancoragem das expectativas de inflação e cenário global desafiador.

“O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, afirmaram.

A decisão vai ao encontro das apostas do mercado, que já estava convencido da manutenção dos juros, após um agravamento da inflação e com a desancoragem das expectativas e o risco fiscal no radar.

No Boletim Focus desta semana, os economistas consultados pelo Banco Central (BC) indicaram que o Copom não deve voltar a cortar a taxa este ano, encerando 2024 no patamar de 10,50%. Para 2025, 2026 e 2027, os palpites são de 9,50%, 9% e 9%, respectivamente.

A autarquia repetiu o movimento do encontro passado, quando interrompeu o ciclo de flexibilização da política monetária, iniciado em agosto de 2023. No afrouxamento, houve uma redução de 0,25 ponto porcentual (p.p.) e outras seis de 0,50 p.p.

Antes de iniciar a flexibilização, o BC manteve a Selic em 13,75% por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023. O ciclo de aperto monetário, que precedeu essa pausa, começou em março de 2021 e seguiu por 12 reuniões seguidas.

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Selic: Copom está de olho na inflação e no fiscal

Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,21% — apontando para uma desaceleração em relação à alta de 0,46% apurada em maio. Ainda assim, as projeções para os preços em 2024 subiram de 4,05% para 4,10% no Focus desta semana.

Além disso, a prévia da inflação (IPCA-15) de julho veio acima das expectativas e subiu 0,30%. O acumulado de 12 meses — de 4,45% — encostou no teto da meta, mas ainda segue dentro do intervalo perseguido pelo BC — 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

As expectativas também seguem desancorando, sendo que os economistas no Focus elevaram as projeções para o índice de 3,90% para 3,96% em 2025.

Do ponto de vista fiscal, o governo até tem se esforçado. Ontem, o Ministério do Planejamento e Orçamento divulgou os ministérios afetados pela contenção orçamentária de R$ 15 bilhões. As pastas de Saúde, Cidades e Transportes tiveram os maiores contingenciamentos e bloqueios.

Ainda assim, na visão dos economistas, esse montante não é suficiente para controlar os cofres públicos, colocando em risco o arcabouço fiscal.