Copom mantém Selic a 10,50% ao ano e defende cautela com desinflação mais lenta
O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano na reunião desta quarta-feira (31). Os diretores ressaltaram a desinflação mais lenta, a desancoragem das expectativas de inflação e cenário global desafiador.
“O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, afirmaram.
A decisão vai ao encontro das apostas do mercado, que já estava convencido da manutenção dos juros, após um agravamento da inflação e com a desancoragem das expectativas e o risco fiscal no radar.
No Boletim Focus desta semana, os economistas consultados pelo Banco Central (BC) indicaram que o Copom não deve voltar a cortar a taxa este ano, encerando 2024 no patamar de 10,50%. Para 2025, 2026 e 2027, os palpites são de 9,50%, 9% e 9%, respectivamente.
A autarquia repetiu o movimento do encontro passado, quando interrompeu o ciclo de flexibilização da política monetária, iniciado em agosto de 2023. No afrouxamento, houve uma redução de 0,25 ponto porcentual (p.p.) e outras seis de 0,50 p.p.
Antes de iniciar a flexibilização, o BC manteve a Selic em 13,75% por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023. O ciclo de aperto monetário, que precedeu essa pausa, começou em março de 2021 e seguiu por 12 reuniões seguidas.
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Do ponto de vista fiscal, o governo até tem se esforçado. Ontem, o Ministério do Planejamento e Orçamento divulgou os ministérios afetados pela contenção orçamentária de R$ 15 bilhões. As pastas de Saúde, Cidades e Transportes tiveram os maiores contingenciamentos e bloqueios.
Ainda assim, na visão dos economistas, esse montante não é suficiente para controlar os cofres públicos, colocando em risco o arcabouço fiscal.