Copom acertou em elevar a Selic a 10,75%, mas pode ‘aumentar a dose do remédio’ se fiscal não ajudar, diz Márcio Holland
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.) na reunião desta quarta-feira (18) foi positiva no sentido de manter a credibilidade do Banco Central, afirma o doutor em economia e professor da FGV, Márcio Holland.
Segundo Holland, no programa Giro do Mercado, o Brasil passa por um momento de deteorização acelerada da inflação corrente e das expectativas, que se aproximam do teto da meta.
“Estamos brincando com uma situação muito arriscada que é sempre ficar em torno das bandas de tolerância [da inflação] e isso pode comprometer a credibilidade do Banco Central”, diz. A alta dos juros, no entanto, ajuda a quebrar essa possibilidade.
O professor da FGV avalia ainda que o BC foi prudente em “chamar a responsabilidade para si” ao atrelar a alta dos juros ao IPCA. Os diretores avaliaram que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação.
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Holland diz que a questão fiscal não teve tanto destaque no comunicado da reunião de setembro, mas ressalta que ainda tem extrema importância no rumo dos juros.
“O arcabouço fiscal não entrega sustentabilidade da dívida pública, que já está subindo e a projeção é continuar subindo. Não temos um cenário de entregar resultado primário suficiente para manter a relação entre dívida e PIB constante”, afirma.
O professor diz que, hoje, a surpresa positiva do dinamismo econômico segura o hiato do produto. No entanto, qualquer surpresa negativa no crescimento fará a dívida subir — “o que gera mais prêmio de risco, mais pressão sobre o câmbio e mais necessidade do Banco Central aumentar a dose do remédio”
“Com o governo gastando muito e a resiliência inflacionária vindo, o Banco Central tem que cumprir a sua função, que é feita através do aumento de juros”, diz.