Economia

Copom: 0,50 pp ou 0,75 pp? Qual será o tamanho do corte da Selic

19 set 2023, 8:30 - atualizado em 18 set 2023, 15:56
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Copom deve cortar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual na reunião desta semana (Imagem: Getty Images)

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter o ritmo da flexibilização da política monetária e cortar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.) na reunião desta semana, avaliam especialistas do mercado. A decisão será divulgada na quarta-feira (20).

Na última ata do Copom, tal movimento já havia sido sinalizado: “em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”

De acordo com os especialistas da XP Investimentos, o corte de 0,50 p.p. parece ser o mais seguro para garantir juros mais baixos de forma sustentável adiante. “Com projeções de inflação acima da meta e indicadores de atividade acima do esperado, não parece haver urgência para um afrouxamento monetário muito antecipado”, dizem.

A política fiscal expansionista também é um limitador para uma flexibilização monetária mais intensa. Além disso, os Bancos Centrais de países desenvolvidos discutem taxas de juros mais elevadas no longo prazo, “o que também tenderia a limitar a queda no Brasil”, avaliam.

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Por que o Copom não deve aumentar corte da Selic?

A magnitude do corte da Selic foi coloca em xeque uma vez que os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostraram tendência mais benigna. Inclusive, os componentes mais sensíveis à política monetária e atividade econômica, como a inflação de serviços, ficaram praticamente estável.

Victor Guglielmi e a equipe da Guide Investimentos ressalta que as expectativas do IPCA também ficaram estáveis desde a última reunião e as projeções devem sofrer poucas alterações. Além disso, os dados de atividade, incluindo o Produto Interno Bruto (PIB), surpreenderam positivamente.

No entanto, outras variáveis que têm efeito sobre a inflação pioraram. Entre os destaques estão a alta dos yields dos treasuries nos Estados Unidos, o sentimento econômico na China e a deterioração dos dados de primário no Brasil — que contribuíram para a desvalorização do real.

Portanto, o Copom deve se manter cauteloso no comunicado. “A evolução no contexto geral foi mais negativa desde a última reunião, o que reforça que o Copom deve manter seu discurso de que a barra esta alta para uma aceleração do ritmo de corte da Selic”, dizem os economistas.

E depois? Vai acelerar?

Os especialistas da XP afirmam que o Copom deve manter a discussão sobre eventual aceleração no ritmo de redução de juros no comunicado de setembro. Isso porque devem ser consideradas a dinâmica benigna da inflação de serviços e a política monetária em patamar restritivo, explicam.

“Como há confiança em um espaço relevante para cortes de juros, o Copom pode trocar três reduções de 0,50 p.p. por duas de 0,75 p.p. ao longo do caminho”, dizem.

A casa, no entanto, mantém o cenário de taxa Selic a 11,75% no final de 2023 e de 10,00% em 2024.

Os economistas da Guide também não descartam a chance de um corte maior na Selic — que, segundo eles, pode acontecer em dezembro. No entanto, eles acreditam que o cenário mais provável é de continuidade do ajuste na magnitude de o,50 p.p.

A Guide também espera que a taxa feche 2023 em 11,75%. Entretanto, a casa é mais otimista em relação a 2024 e projeta os juros em um patamar de 8,75%.