Copel vê dividendo nos limites de nova política apesar de pedido do governo estadual
A estatal paranaense Copel (CPLE3; CPLE5; CPLE6) vai propor dividendos dentro dos limites de uma política de proventos recém-aprovada pela companhia, mesmo após um pedido do governo estadual pela distribuição neste ano do “maior valor possível” aos acionistas, disse à Reuters nesta sexta-feira o presidente da elétrica.
A política aprovada nesta semana pela companhia controlada pelo governo do Paraná prevê pagamento de 65% do lucro ajustado se a alavancagem financeira da empresa estiver abaixo de 1,5 vez. Para alavancagem entre 1,5 vez e 2,7 vezes, os proventos seriam de 50% dos ganhos.
Mas a regra deixa aberta a possibilidade de dividendos extraordinários, acima desses parâmetros– limitados às reservas de lucros– desde que ouvido o conselho fiscal e com aprovação de assembleia de acionistas.
No começo do ano, a administração estadual do Paraná enviou carta à Copel na qual pediu que esta verificasse a possibilidade de pagar dividendos extraordinários “no maior valor possível”.
“Nossa política prevê dividendos extraordinários, mas apenas em casos excepcionais, com aprovação da assembleia de acionistas, porque é uma política que estamos pensando para médio e longo prazo, para perdurar, você tem que prever alguns casos de exceção”, explicou o CEO, Daniel Slaviero.
“Mas, especificamente neste ano, nossa política seguirá os padrões que estão estabelecidos nela, mesmo nesse pedido”, disse ele, em referência ao pleito do governo do Paraná.
O executivo disse que o governo estadual foi “transparente” ao fazer a solicitação em carta e rejeitou qualquer interferência sobre a gestão ou pressões por pagamento maior.
“Tanto não interferiu que esse pedido estará enquadrado dentro dos parâmetros da nova política”, reiterou ele, ao apontar que houve “algum ruído” no mercado sobre o tema.
O presidente da Copel destacou que o conselho da empresa também aprovou enviar para votação em assembleia uma reforma estatutária que forneceria “blindagem” contra pressão política, ao vetar alterações futuras do estatuto que permitam à empresa não aplicar reajustes de tarifas aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Mudanças nesse sentido só seriam autorizadas com aprovação dos acionistas detentores de ações preferenciais, o que não permitiria ao governo estadual decidir sozinho.
No passado, a Copel chegou a adiar reajustes de tarifas para atender pedidos de governadores.
“Isso nunca mais será assunto dentro da companhia”, disse.
Ele também afirmou que uma oferta secundária de ações na qual o braço de participações do BNDES (BNDESPar) e o governo do Paraná pretendem vender ações da Copel deve acontecer no primeiro semestre.
A companhia, no entanto, seguirá sob controle da gestão estadual, que deve vender apenas uma parte de seus papéis.
Segundo Slaviero, declarações recentes de autoridades do Paraná sinalizam que o governo não deve buscar vender nessa operação todas ações que poderia sem perder o controle.
“É nossa recomendação, inclusive. Primeiro porque existe nossa convicção e perspectiva de que a ação vai se valorizar… e segundo porque, se ele for até o limite possível, tira o espaço de a companhia fazer ofertas primárias no futuro, porque o Estado se estiver no limite não consegue mais se diluir”.
Ele acrescentou, no entanto, que a Copel não avalia fazer nenhuma oferta primária de ações no momento.