Copel fará leilão para comprar por 15 anos energia de usinas eólicas e solares
A estatal paranaense de energia Copel (CPLE3) realizará um leilão em 20 de setembro no qual oferecerá contratos de 15 anos para a compra da produção futura de projetos de geração eólica e solar de terceiros, disse à Reuters o presidente da Copel Energia, unidade de comercialização da companhia, Franklin Miguel.
O certame deve ser visto como boa oportunidade por diversos investidores que têm buscado viabilizar projetos de energia no Brasil, inclusive vencedores de leilões recentes do governo para novos empreendimentos, que deixaram parte da capacidade de produção de suas usinas descontratada para buscar contratos também no chamado mercado livre de eletricidade.
Para a Copel, a energia comprada na licitação ainda servirá como um “seguro”, dado que a companhia verá vencer em 2023 a concessão de sua maior hidrelétrica, a usina Foz do Areia, com uma capacidade instalada de 1,67 gigawatt.
O governo brasileiro costuma relicitar as concessões de hidrelétricas após o vencimento, oferecendo um novo contrato em troca do pagamento de um bônus de outorga. A Copel já tem se preparado para disputar a licitação de Foz do Areia, que a estatal avalia que poderá envolver um pagamento de até 4 bilhões de reais ao Tesouro, mas o plano é garantir um “hedge” caso necessário.
“Independente do resultado do leilão dessa concessão lá na frente, a ideia é já ter uma energia adicional no portfólio”, disse Miguel.
Ele não quis revelar o montante de energia que a companhia pretende contratar na licitação, mas afirmou que será um volume “compatível com o porte da Copel”.
A elétrica paranaense é uma das maiores empresas de energia do Brasil, com cerca de 6 gigawatts em capacidade instalada de geração, se consideradas usinas próprias e participações. A companhia ainda opera ativos de transmissão e distribuição.
Segundo presidente da Copel Energia, a expectativa é obter custos bastante competitivos na aquisição da produção das usinas eólicas e solares, dado o elevado interesse de investidores por contratos de longo prazo para seus projetos de geração.
Ele lembrou que o leilão de energia A-6 do governo, agendado para 17 de outubro, para usinas para entrega a partir de 2025, atraiu inscrições de empreendedores cujos projetos somam capacidade instalada de mais de 100 gigawatts, embora a expectativa de contratação seja baixa devido à demanda fraca em meio à lenta recuperação da economia brasileira.
“Essa estratégia da Copel foi montada basicamente porque vimos que os investidores em geração devem estar com bastante apetite para realizarem seus negócios. Estamos vendo como uma grande oportunidade… a ideia é aproveitar essa sobreoferta de projetos para contratar e conseguir preços baixos”, explicou.
Os preços da energia solar bateram recorde negativo em um leilão realizado pelo governo em junho, o chamado A-4, em meio à evolução da tecnologia fotovoltaica e ao apetite de empresários pelo setor. Usinas eólicas também venderam energia a preços baixos na licitação, aproximando-se de recorde negativo registrado em 2018 para a fonte.
Regras
Na licitação da Copel, a entrega da energia pelos vencedores é prevista para entre 2023 e 2037, com possibilidade ainda de compra integral da produção em caso de antecipação das usinas em até 12 meses.
A duração de 15 anos dos contratos oferecidos no certame foi definida com base em avaliações da empresa de que esse é o prazo médio dos financiamentos para projetos de energia.
A iniciativa da Copel ecoa movimentos similares da estatal mineira Cemig, que já realizou no ano passado dois leilões para comprar a energia de usinas de fontes renováveis e agendou um terceiro para 13 de setembro.
A estatal paranaense ainda definiu algumas restrições para a participação de empresas no leilão, com o objetivo de assegurar a entrega dos empreendimentos no prazo.
Não serão autorizadas no certame empresas em recuperação judicial ou extrajudicial ou que estejam suspensas de licitações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por exemplo.
Os projetos participantes ainda deverão ter sido habilitados tecnicamente pela estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para leilões do governo de 2019.
Caso os projetos não tenham habilitação da EPE, o investidor deverá demonstrar ter mais de 1 gigawatt em projetos em operação no Brasil ou apresentar capital social integralizado a partir de 500 milhões de reais.