Copel: faça como o Governo do Paraná e venda as ações
A Ágora Investimentos rebaixou a recomendação das ações da Copel (CPLE3; CPLE5; CPLE6) de neutra para venda após o Governo do Paraná anunciar que planeja se desfazer de parte de sua participação na empresa, e potencialmente levantar até R$ 2,8 bilhões sem privatizar a companhia.
Além disso, o governo também condicionou seu apoio à migração da companhia do Nível 1 para o Nível 2 de governança corporativa da Bolsa à realização de uma oferta secundária na qual poderia vender papéis.
Para os analistas Francisco Navarrete e Ricardo França, que assinam o documento, semelhante à Sanepar (SAPR11) em novembro de 2017, o Paraná poderia controlar a Copel com apenas 17% do total, reduzindo seu foco em dividendos de longo prazo (já que detém um pedaço menor da companhia) em favor do crescimento.
“Notadamente, para o estado vender suas ações excedentes, a Copel tem que negociar acima do valor patrimonial (R$ 73), o que poderia ser um bloqueio de ações enquanto esta negociação para o estado vender suas ações excedentes estiver em jogo”, argumentam.
Em relação aos dividendos extraordinários no maior valor possível, levando-se em consideração as necessidades de fluxo de caixa da Copel ao longo de 2021, a Ágora acredita que embora investidores de varejo possam ser atraídos, em termos de avaliação isso é um evento neutro.
O novo preço-alvo estabelecido para a companhia em 2021 é de R$ 75, o que implica potencial de valorização de apenas 2,3%.
As ações da companhia caíram 5,47%, negociadas a R$ 69,31, nesta segunda-feira. Já o Ibovespa cedeu 1,46%, aos 123.255,13 pontos.
Governança é colocada à prova
A XP Investimentos também enxerga maiores riscos de governança corporativa para a Copel, após publicação da carta do acionista controlador, o Governo do Estado do Paraná, na última sexta-feira (8).
“Tais solicitações do acionista controlador da Copel representam um retrocesso em termos de governança corporativa, o que acreditamos que deverá causar uma reação negativa para as ações no mercado “, argumentam os analistas Gabriel Francisco e Maira Maldonado, que assinam o relatório da XP.
A intenção de venda adicional do governo na Copel é vista com maus olhos pela dupla de analistas tendo em vista as as pressões de liquidez advindas da venda de uma participação correspondente a até 14.4% do capital total. Pesam também riscos futuros de intervenção estatal na companhia.
“A impressão que fica é que o Governo do Estado quer extrair recursos da companhia antes de vender parte de sua posição em uma oferta secundária”, advertem os analistas.