Copasa: prepara-se para dividendos extraordinários, mesmo com resultados ruins

A Copasa (CSMG3) decepcionou analistas e o mercado com números bem abaixo da expectativa. O mercado reagiu de forma contundente às cifras: os papéis derreteram 12% na sessão da última quinta-feira (4).   

Entre agosto e setembro, a companhia de saneamento de Minas Gerais lucrou R$ 16,3 milhões. A XP projetava lucro de R$ 287 milhões para a empresa.

Segundo a própria Copasa, o resultado foi impactado pela decisão da agência reguladora que obrigou a empresa a devolver R$ 246 milhões para os moradores de Belo Horizonte.

“Vemos o resultado como negativo, visto que ficou abaixo das nossas estimativas e do consenso. Além disso, continuamos vendo um cenário complexo para uma eventual privatização da empresa tanto no âmbito estadual quanto municipal”, afirmam os analistas Maíra Maldonado e Victor Burke.

Já a Genial destaca dois eventos não-recorrentes que pesaram na conta da estatal:

• o impacto negativo de R$ 152 milhões devido ao provisionamento dos custos do Plano de Demissão Voluntária Incentivada da empresa, que foi aceita por quase 1,1 mil funcionários;
• impacto negativo de R$ 82,6 milhões, referente à processos administrativos relacionado à cobranças indevidas ou superdimensionadas feitas pela empresa em determinadas áreas da sua concessão;

“A Copasa reportou um lucro muito abaixo das nossas estimativas em um trimestre marcado por uma série de eventos extraordinários. Se considerarmos apenas os resultados recorrentes, ainda assim observamos uma fraca evolução na receita e uma pressão em custos”, completam.

O Credit Suisse também classificou os números como fracos, destacando os custos totais, incluindo outras receitas e despesas operacionais, que aumentaram 43,1%, principalmente devido a efeitos não recorrentes com programa de demissões voluntárias.

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Apesar disso, o banco suíço recorda que a crise hídrica não está impactando as operações da Copasa, uma vez que seus principais reservatórios estão em níveis confortáveis ​​(71%).

E os dividendos?

Mesmo com todos os percalços no meio do caminho, a estatal caminha para entregar dividendos extraordinários para os acionistas. 

A Copasa fechou o trimestre com uma dívida de R$ 2,3 bi, queda de 1,5%, implicando em uma dívida líquida/Ebitda de 1,5x – “níveis muito confortáveis, o que deve levar a empresa a seguir com sua política de distribuição extraordinária de dividendos”, prevê a Genial.

O Safra calcula que o rendimento de dividendos da empresa ficará em 6,1% em média entre os anos de 2021 e 2023.

Vale ter Copasa?

Os analistas, de modo geral, não enxergam grande potencial na empresa. Sem gatilhos de curto prazo e com uma privatização cada vez mais distante, eles recomendam deixar o papel “de molho”.

“Continuamos a ver um risco-retorno pouco atraente para as ações e mantemos nossa recomendação de venda, com um preço-alvo de R$ 15 / ação”, afirma a XP.

Já a Genial recordou que mesmo com uma ação descontada, há nomes melhores no setor. A recomendação é de manter, o que equivale a neutra, com preço-alvo de R$ 20.