Copagaz alcançará 25% do setor de GLP após concluir compra de fatia na Liquigás
A Copagaz calcula alcançar a liderança no setor de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) no Brasil, com cerca de 25% de participação de mercado, após a conclusão da compra de parcela da Liquigás junto à Petrobras, disse à Reuters o diretor de desenvolvimento e gestão da companhia.
Fundada em 1955, em Campo Grande (MS), a Copagaz está hoje entre as cinco maiores distribuidoras de GLP no Brasil, com cerca de 8% de participação de mercado, pontuou Pedro Zahran Turqueto, em sua primeira entrevista após a assinatura do acordo.
A empresa, de administração familiar, comprou aproximadamente 80% da Liquigás, enquanto a Nacional Gás Butano adquiriu o restante, em um negócio total de 3,7 bilhões de reais anunciado na semana passada pela Petrobras, que vendeu 100% de uma das líderes em distribuição de gás de cozinha do Brasil.
A conclusão do acordo, porém, ainda está sujeita ao cumprimento de condições precedentes, como a aprovação do órgão antitruste Cade, o que ainda demandará pelo menos quatro meses, na avaliação do executivo, que está confiante com o recebimento do aval.
“A gente entendia que era um ativo muito importante, estratégico, e que a gente precisaria fazer um esforço para tentar adquirir… A gente vai ter uma capilaridade muito grande, bom posicionamento em todas as regiões”, disse Turqueto.
Logo após a conclusão do negócio, uma parcela da distribuidora será transferida para a Nacional Gás Butano, enquanto a marca Liquigás será preservada e ficará 100% com a Copagaz, disse o executivo.
A Liquigás será então uma subsidiária da Copagaz.
“Em um primeiro momento, as duas empresas vão adquirir a Liquigás… Em um segundo momento, a gente vai segregar os ativos que vão ficar com ela (Nacional). A Liquigás fica com a Copagaz e esses ativos vão para a Nacional.”
Como parte da estruturação da operação, a Itaúsa –holding controladora do Itaú Unibanco– irá aportar aproximadamente 1,4 bilhão de reais na Copagaz, passando a deter 49% do capital social dessa companhia, que permanece sob gestão familiar.
Turqueto afirmou que a empresa foi abordada por diversos fundos, como de private equity, soberanos, até que as negociações obtiveram sucesso com a Itaúsa.
“Pudemos entender que eles tinham valores muito próximos aos nossos, seria algo bastante colaborativo, pensamento de longo prazo, brasileiro, para investir no Brasil… E acabamos optando por eles”, afirmou.
Segundo ele, o mercado de GLP brasileiro tem boas perspectivas, com mudanças regulatórias em andamento, incluindo o fim do subsídio obrigatório dado pela Petrobras ao gás de cozinha (GLP envazado em botijões de até 13 kg), além de estudos para o fim de restrições para o uso da molécula para alguns fins, como aquecimento de piscinas e geração de energia.
“O mercado brasileiro de GLP tem um horizonte muito bom para investimentos em infraestrutura, portos, recepção…”, adicionou o executivo, que vê oportunidades para aportes em recepção e armazenamento em regiões onde a logística é “mais complicada”.
“Nosso investimento foi baseado também no momento do Brasil, no momento da boa regulação que está sendo feita nesse cenário.”
Planos para o futuro
Com a aquisição, a Copagaz prevê mais que dobrar seu investimento anual apenas para a manutenção das atividades, incluindo aportes em tancagem, compra de botijões, dos atuais 80-85 milhões de reais, para 200-250 milhões de reais após o fechamento do negócio.
“Fora isso, a gente vai fazer alguns investimentos extraordinários”, disse o executivo, ponderando que será preciso aguardar o fechamento do negócio para uma definição.
Ele adiantou que a empresa planeja investir para crescer organicamente na região Norte, onde sua participação ainda permanecerá pequena após a aquisição, podendo inclusive construir uma base em Manaus. Mas grandes mercados, como Nordeste e Sudeste, estarão no radar.
A Copagaz distribui GLP atualmente para cerca de 1.800 municípios, localizados em 18 Estados brasileiros e no Distrito Federal.
Recentemente, a empresa foi a primeira em décadas a importar o GLP, segundo o executivo, trazendo volumes do insumo da Bolívia e da Argentina neste ano. As importações devem continuar parte do negócio da empresa.
As operações com a Bolívia fizeram sentido, já que a empresa tem um mercado importante no Centro-Oeste, onde não há refinarias da Petrobras, explicou.
“Como a própria Petrobras tem buscado sair dessa responsabilidade de ser o provedor único do Brasil e tem ido para um sistema mais de mercado, ela vem facilitando esse movimento”, disse Turqueto.
Já a Liquigás está presente em quase todos os Estados brasileiros, e conta com 23 centros operativos, 19 depósitos, uma base de armazenagem e carregamento rodoferroviário e uma rede de aproximadamente 4.800 revendedores autorizados, tendo cerca de 21,4% de participação de mercado.