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Copa do Mundo: Globo e Casimiro batem recordes de audiências, mas amargam prejuízo com evento; entenda os gastos

10 dez 2022, 10:50 - atualizado em 08 dez 2022, 17:57
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Evento no Catar é o mais caro já realizado em todos os aspectos (Imagem: Reprodução/ CazéTV)

A Copa do Mundo do Catar tem comprovado dois pontos importantes relacionados ao mundo dos negócios. A popularidades de eventos esportivos e de transmissões ao vivo e o alto custo que esses eventos ainda têm e o retorno nem sempre correspondente.

Seja pelos meios convencionais, como as transmissões em TV aberta feitas pela Globo, e até mesmo em canais fechados como o Sportv, ou pelos sistemas de streaming, a Copa do Mundo tem se mostrado muito atrativa, com quebra de recorde atrás de recorde.

Mas outro ponto que também junta os dois modelos é que o retorno financeiro, apesar de alto, ainda não faz da operação um sistema fácil e lucrativo a ponto de gerar concorrência e maior investimento. Apesar de muitas pessoas assistindo, é preciso gastar muito para ter um retorno, ao menos, igual.

Globo e Casimiro batem recordes com a Copa

No jogo entre Brasil e Coreia do Sul, pela oitavas de final da Copa do Mundo do Catar, a Globo alcançou 52 pontos no Ibope no Rio de Janeiro e em São Paulo. Cerca de 80% das televisões ligadas estavam sintonizadas na emissora na hora do jogo.

Essa foi a maior audiência da Globo na competição e a maior audiência registrada em uma partida de futebol desde a Copa realizada na Rússia há quatro anos. Também foi o melhor resultado obtido no horário das 16h as 18h entre todas as televisões desde 2006 quando, também em uma Copa do Mundo, Brasil e França se enfrentaram pelas quartas de final.

Já o influenciador Casimiro Miguel também comemora os resultados obtidos com suas transmissões na Copa do Mundo. Ele fez 5,2 milhões de usuários simultâneos durante a partida, o que faria ele ficar em segundo lugar no ibope de fosse uma emissora.

O recorde anterior pertencia ao Facebook Watch, que anunciou um pico de 4,3 milhões de usuários simultâneos durante a final da Champions League de 2020, entre Bayern de Munique e PSG, decisão que teve em campo o craque brasileiro Neymar, pelo time francês, que acabou derrotado por 1 a 0. O recorde foi batido ainda no primeiro tempo, quando a CazéTV registrava 4,37 milhões no YouTube e 300 mil na Twitch

Foram 5,4 milhões de aparelhos diferentes conectados via YouTube e Twitch, mais de 1,66 milhão de conexões simultâneas por minuto de jogo ao vivo, mais de 669 milhões de views em todos os canais e redes, sendo 1,7 milhão de aparelhos conectados, em média, por minuto de jogo.

Segundo a plataforma PlayBoard, que analisa todas as transmissões desde janeiro de 2020, a transmissão mais assistida no período era até então a do lançamento de um foguete da SpaceX, de Elon Musk, que reuniu 4,08 milhões de espectadores em maio daquele ano. O YouTube não faz um ranking sobre qual seria a maior transmissão, mas o jornal britânico The Guardian registra que, em 2012, a queda do paraquedista supersônico Felix Baumgartner foi acompanhada por mais de 8 milhões de pessoas.

Contrato longo foi prejudicial para Globo

A Globo fechou o contrato de transmissão para esta edição da Copa do Mundo antes mesmo de ser definida a sede do evento. E, apostando em um faturamento alto influenciado pela edição do Brasil do mundial e o cenário econômico global no momento da assinatura, fez o acordo mais caro registrado com a Fifa.

São US$ 90 milhões por ano, ou, na cotação atual, cerca de R$ 468 milhões anuais, quase R$ 1,9 bilhão a cada 4 anos.

Ainda existe o valor da renegociação da dívida de uma parcela não paga pela TV à entidade em 2020, feita após uma briga judicial no auge da pandemia. Esse valor está na casa dos US$ 30 milhões (R$ 155 milhões na cotação atual). Ou seja, só de custos com direitos, serão R$ 621 milhões

Segundo o relatório fechado Rights Tracker, da SportBusiness, apenas os direitos de transmissão dos Estados Unidos foram mais caros, custando US$ 575 milhões (R$ 3 bi).

Países com poder aquisitivo mais alto que o Brasil pagaram menos. A Alemanha gastou US$ 235 milhões (R$ 1,22 bi) e Japão US$ 225 milhões (R$ 1,17 bi). Mesmo a China, com uma imensa população, investiu apenas US$ 203 milhões (R$ 1,05 bi). Na Argentina, o valor pago à Fifa não passou de US$ 20 milhões (R$ 104 mi).

Cotas de patrocínio deixam conta no 0 x 0

Com exclusividade da Copa do Mundo do Catar na TV aberta, a Globo celebrou nesta semana ter conseguido vender R$ 1,085 bilhão em cotas de publicidade.

O Notícias da TV apurou alguns valores que explicam essa operação no vermelho. Cada cota na TV aberta foi vendida por R$ 175 milhões.

A Globo já vendeu quatro cotas de patrocínio na TV aberta para a Copa: Itaú, Claro, Ambev e Magazine Luiza; para o SporTV foram: Ambev, Claro, Betfair e Nubank. A arrecadação já passou de R$ 1 bilhão, mas somente para a Fifa a Globo pagará neste ano US$ 90 milhões (R$ 440 milhões na cotação atual) pelo contrato do evento.

Mudanças na transmissão ainda não têm mesmo alcance

A disputa pela transmissão da Copa do Mundo do Catar foi discutida, em 2020, na justiça entre Globo e Fifa. No meio da pandemia, os dois lados resolveram analisar o contrato e, depois de um acordo, os direitos de transmissão em streaming (na internet) da Copa foram devolvidos à Fifa. Plataformas como Youtube, Facebook, TikTok, Kwai, Instagram, entre outros também ficaram disponíveis para negociação.

Em sua nova renovação de contrato com a Fifa, a Globo abriu mão da exclusividade nas transmissões em TV aberta e por assinatura.

Diante desses impasses, e do risco de perder ainda mais visibilidade, a Fifa aceitou fazer um teste e vendeu os direitos de transmissão em streaming faltando apenas dois meses para o início da Copa.

O valor, bem distante do que a Fifa gostaria, foi uma maneira da entidade colocar já nessa edição da competição, seus planos de expansão em transmissão, e Casimiro foi o nome encontrado para dar suporte ao projeto.

A experiência com o influenciador brasileiro definirá os valores para a próxima edição, assim como o modelo será reavaliado.

Desde 2020 a Fifa buscou vender os direitos digitais. Disney, Warner Bros., Discovery, YouTube, TikTok e todos os grandes players foram abordados, mas não fecharam acordo devido o valor pedido.

As chamadas big techs tem recurso tecnológico, caixa para comprar o que quiserem, mas ainda não acertaram um modelo que traga o mesmo investimento.

Nos Estados Unidos, o Google está disputando com a Apple o Sunday Ticket da NFL, o campeonato de futebol americano. O contrato de US$ 1,5 bilhão por ano da DirectTV deve passar para algo entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões por ano, mas ainda existe um prejuízo de cerca de US$ 500 milhões com o negócio.

A avaliação, principalmente dentro da Globo, é que Casimiro, ou qualquer outra plataforma de streaming, só passaria a incomodar a emissora se chegasse a mais de 20 milhões de views por transmissão, já que somente os dois primeiros jogos do Brasil na TV aberta alcançaram mais de 96,3 milhões de pessoas. Já o alcance médio por partida da Copa na Tv aberta foi de 34,9 milhões de pessoas.

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