Controvéria sobre AstraZeneca distrai público de dados promissores sobre vacina
Cientistas que assistiram consternados a uma série de controvérsias sobre a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 dizem que os dados de um grande estudo nos Estados Unidos sobre a eficácia do imunizante deveriam deixar as preocupações de lado, mas temem que os atritos podem deixar uma marca na confiança do público.
Disputas com governos por toda Europa sobre produção, fornecimento, possíveis efeitos colaterais e os méritos da vacina atingiram a farmacêutica anglo-sueca por meses.
E uma altamente incomum reprimenda pública de cientistas norte-americanos que estão monitorando o estudo financiado pelo governo dos EUA adicionou mais uma camada à crise.
Embora as discussões tenham levantado dúvidas sobre as mensagens e comunicação da AstraZeneca, o que é crucial, segundo os cientistas, é que o produto no centro de tudo isso pareça seguro. Nesta quinta-feira, a empresa disse que a vacina tem 76% de eficácia, em uma análise atualizada do estudo nos EUA.
“É preciso distinguir entre dados fortes, positivos, do estudo nos EUA de um lado, e da incrível habilidade das mensagens da AstraZeneca à imprensa, que resgatam continuamente a derrota das garras da vitória”, afirmou Danny Altmann, professor de imunologia do Imperial College de Londres.
Entre os pesquisadores que trabalham para desenvolver vacinas, tratamentos e outras armas para combater a Covid-19, a frustração é evidente.
Um pesquisador de ensaio norte-americano envolvido na avaliação da vacina da AstraZeneca, que não estava autorizado a falar publicamente, chamou a controvérsia de “perturbadora, porque muitas pessoas trabalharam muito e a vacina é muito importante. Acredito que é uma vacina boa e eficaz”.
A AstraZeneca não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.