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Controles de capital e juros afetam setor imobiliário argentino

01 out 2019, 15:24 - atualizado em 01 out 2019, 15:24
“O primeiro sentimento é de ansiedade, depois de desamparo”, disse o consultor de TI, de 32 anos. “Quero dizer, quando vou vender minha casa?” (Imagem: Erica Canepa/Bloomberg)

Ezequiel Amaro estava prestes a comprar a casa de seus sonhos nos arredores de Buenos Aires quando a última crise monetária arruinou seus planos.

Como os imóveis são avaliados em dólares, mas as hipotecas são oferecidas apenas em pesos, nunca foi fácil comprar propriedades na Argentina. E, com os recentes controles de capital, ficou ainda mais difícil. Agora, como ninguém quer comprar a antiga casa de Amaro, ele não tem dinheiro para comprar a nova.

“O primeiro sentimento é de ansiedade, depois de desamparo”, disse o consultor de TI, de 32 anos. “Quero dizer, quando vou vender minha casa?”

A maior taxa de juros do mundo e uma moeda que perdeu 68% do valor desde o início de 2018 congelaram o mercado imobiliário argentino. As vendas de imóveis com hipoteca caíram 87% na província e cidade de Buenos Aires no acumulado do ano.

Desde 1º de setembro, os argentinos só têm permissão para comprar US$ 10 mil por mês, uma quantia muito baixa para concluir uma compra em dólares (Imagem: Erica Canepa/Bloomberg)

As vendas totais de imóveis residenciais – todas com transações em dinheiro e compras garantidas por hipotecas – caíram 41%, de acordo com agências que monitoram os dados. Novos limites para compras em dólares depois da derrota do presidente Mauricio Macri nas eleições primárias dificultam ainda mais a compra e venda, pois a maioria das transações é realizada em dinheiro e sem hipoteca.

Desde 1º de setembro, os argentinos só têm permissão para comprar US$ 10 mil por mês, uma quantia muito baixa para concluir uma compra em dólares. Os bancos desembolsam hipotecas em pesos, mas os compradores precisam trocar os pesos por dólares, porque a maioria dos proprietários de casas só aceita dólares depois das muitas crises cambiais da Argentina.

Com décadas de volatilidade, o setor imobiliário é uma das poucas apostas seguras dos argentinos para poupar.

Na semana passada, o banco central elevou o limite de compras de dólares para US$ 100 mil apenas para compradores de imóveis que já tinham um pedido de hipoteca pendente, mas isso não ajudará Amaro. A medida não se aplica a pessoas à procura de imóveis no presente e no futuro, que ainda enfrentam o teto de US$ 10 mil.

“Este ano será um dos piores da história”, disse Silvio Guaita, agente da imobiliária Deinmobiliarios, em Buenos Aires. Os controles de capital “prejudicam as vendas porque criam incerteza”.

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