Controles cambiais afetam importações de insumos agrícolas na Argentina
As restrições às importações com o objetivo de proteger as reservas de dólares em queda do banco central da Argentina afetam o setor agrícola do país, de acordo com uma associação.
“Há enormes dificuldades para trazer pneus e outras peças para máquinas agrícolas, herbicidas e sistemas de irrigação”, disse Ruben Garcia, presidente da Câmara de Importadores da Argentina, em entrevista.
Como no segundo mandato de Cristina Kirchner – uma era de rígido controle cambial e de importação entre 2011 e 2015 -, o governo está dificultando a vida de empresas cuja produção depende de peças estrangeiras, disse Garcia. Kirchner agora é vice-presidente.
Prazos das chamadas importações não automáticas não estão sendo respeitados, com compras retidas em contêineres nos portos e na alfândega, segundo Garcia.
Um porta-voz do Ministério da Produção não respondeu a um pedido de comentário. O ministro da Agricultura, Luis Basterra, disse no mês passado que os controles cambiais estavam reduzindo a importação de insumos agrícolas.
Há uma certa ironia nos problemas de importação: embora tais restrições ajudem a proteger os dólares do banco central – as reservas líquidas somam apenas US$ 6,9 bilhões, de acordo com a consultoria Eco Go, de Buenos Aires -, os agricultores também são os maiores contribuintes de moeda americana. No ano passado, embarcaram US$ 23,7 bilhões em grãos e oleaginosas, 36% das exportações totais da Argentina.
Autoridades do banco central retrocederam em junho em uma restrição que teria disparado os preços dos fertilizantes usados em plantações de trigo. As importações de fertilizantes medidas em dólares caíram 9% nos primeiros sete meses do ano, segundo a câmara de importação.
“Temos certeza de que haverá mais restrições às importações”, disse Juan Ouwerkerk, presidente da cooperativa agrícola Alfa, na província de Buenos Aires. “O governo quer liberar dólares gota a gota, então vamos demorar mais para trazer os produtos.”