Controle de custos e diversificação de receitas ajudará Bradesco a superar riscos, diz Moody’s
Por Arena do Pavini – Uma combinação de controle de custos e diversificação de receitas, especialmente na parte de seguros, vai compensar as margens menores para o Bradesco dar suporte ao capital do banco, ainda que a instituição continue enfrentando riscos de ativos maiores que seus pares, afirmou hoje a Moody´s Investors Service em um novo relatório. O banco é a segunda maior instituição privada do mercado brasileiro.
Segundo o relatório, em conjunto com medidas de redução de custos, a diversificação de negócios do Bradesco e as oportunidades de acesso a uma base de clientes mais ampla após a aquisição das operações de varejo do HSBC no Brasil darão suporte aos ganhos recorrentes do banco, apesar da compressão de margens causada pelas taxas de juros mais baixas no país, afirma a vice-presidente sênior da Moody´s Ceres Lisboa.
Maior inadimplência entre os pares
Embora a qualidade de ativos tenha melhorado, os índices de inadimplência do Bradesco permanecem os mais elevados entre os pares. O índice de inadimplência do banco foi de 5,4% no primeiro trimestre de 2018, abaixo do pico de 6,7% no último trimestre de 2016. A Moody’s espera que a qualidade de ativos continue melhorando ao longo do ano, mas a um ritmo mais gradual que o dos pares à medida que os tomadores de crédito do Bradesco precisam de mais tempo para se recuperar da profunda recessão brasileira.
No entanto, os riscos de ativos são mitigados pelas políticas conservadoras de gestão de risco do Bradesco, cujas sólidas reservas para provisão com perdas totalizaram 9,6% do crédito total no primeiro trimestre deste ano.
Ajuste após compra do HSBC
Desde a aquisição das operações de varejo do HSBC Brasil em 2016, o Bradesco fechou um número significativo de agências e reduziu o quadro de pessoal para eliminar redundâncias e reduzir custos. Deve haver economia adicional à medida que mais clientes migram para as plataformas digital e móvel do banco.
O crescimento da receita baseada em tarifas e a queda nos custos de crédito também devem ajudar a compensar um esperado declínio adicional nas margens de juros enquanto a Selic permanece em níveis baixos. Porém, mesmo com a diversificação de negócios, incluindo a forte oferta de produtos de seguro, o Bradesco continua enfrentando desafios para capitalizar o relacionamento com os clientes herdados do HSBC.
Apesar disso, os ganhos devem permanecer fortes o suficiente para garantir que o banco mantenha, caso não melhore ainda mais, o índice de capital tangível de 8,54% no primeiro trimestre de 2018. Ainda que o capital do banco permaneça abaixo dos níveis pré aquisição do HSBC, ele está em linha com o dos pares do setor privado e é o suficiente para garantir que o Bradesco seja capaz de competir mais agressivamente no próximo ciclo de crédito.