Contratação de pessoas negras bate recorde em 2021 com crescimento de 150%
A contratação de pessoas negras (pretas e pardas) teve um crescimento expressivo. Em 2021, o número foi 150% maior do que em 2020, que já tinha apresentado aumento de 118% em relação a 2019. O tema racial tem tido um grande destaque no mundo do trabalho e as contratações de públicos diversos (mulheres, étnico-racial, LGBTQIA+ e PcDs) têm crescido de uma forma geral, segundo dados do Grupo Cia de Talentos.
As ações de desenvolvimento e capacitação para inclusão de grupos minorizados cresceram mais de 200%, por exemplo. “Temos que comemorar muito essas conquistas, mas o caminho ainda é longo para chegarmos à equidade racial no Brasil”, comenta a fundadora do Grupo Cia de Talentos, Sofia Esteves.
Em paralelo, o estudo da McKinsey & Company, consultoria de gestão norte-americana sobre diversidade no local de trabalho, A diversidade como alavanca de performance, reafirma a relevância da relação entre diversidade – definida como uma maior proporção de mulheres e uma composição étnica e cultural mais variada na liderança de grandes empresas – e performance financeira superior.
Essa nova análise amplia o relatório de 2015 da consultoria, Why diversity matters (Por que a diversidade é importante?), tomando por base um conjunto de dados mais extenso, abrangendo mais de 1.000 empresas de 12 países e medindo não apenas a lucratividade (em termos de lucros antes de juros e impostos, EBIT), mas também a criação de valor (ou lucro econômico) no longo prazo.
Segundo o relatório, no estudo original, que utilizava dados de 2014 sobre diversidade, as empresas no quartil superior para diversidade de gênero em suas equipes executivas eram 15% mais propensas a ter lucratividade acima da média do que as empresas no quartil inferior. No conjunto expandido de dados de 2017, esse número aumentou para 21% e continuou sendo estatisticamente significativo.
Os dados confirmam que as empresas do quartil inferior em diversidade étnica e de gênero tendem a ter lucratividade 29% inferior à de seus pares do setor, de acordo com o conjunto de dados de 2017. Para as empresas, mudar esse cenário é no mínimo desafiador, pois existe entraves históricos: 10% dos negros americanos que concluem o ensino superior nos Estados Unidos ocupam apenas 4% dos cargos executivos seniores, por exemplo.
Apesar disso, várias organizações em todo o mundo conseguiram realizar melhorias consideráveis em termos de inclusão e diversidade, como reforça o relatório. Consequentemente, elas têm colhido benefícios tangíveis.
Porém, o estudo reafirma que, mesmo com um progresso na representatividade que possa ocorrer relativamente depressa se houver um bom conjunto de iniciativas, consolidar a inclusão na organização pode levar vários anos e, muitas vezes, exige ações externa a ela.