Trabalho

Contratação de estagiários deve fechar 2022 com alta de 13%; projeção de +8,6% em 2023

10 ago 2022, 11:00 - atualizado em 10 ago 2022, 10:45
Estagiários no Brasil
Recessão do biênio 2015-16 e pandemia da covid-19 enxugaram o número de estagiários (Imagem: Desola Lanre-Ologun/Unsplash)

Nos últimos anos, o mercado de trabalho sofreu com a crise política no Brasil, pandemia, instabilidade das commodities e crise econômica global. E a falta de vagas atingiu também os estagiários. No entanto, a expectativa é de recuperação nas contratações de estudantes universitários.

De acordo com um levantamento do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, encomendado à Tendências Consultoria, a estimativa de crescimento do contingente de estagiários em 2022 é de 13,3%. Já para 2023, a projeção é de uma alta de 8,6%.

O resultado é impulsionado tanto pela base de comparação reduzida quando pela recuperação de setores econômicos intensivos em trabalho, como os serviços às famílias.

É estimada também a ampliação da população desocupada no 2º semestre de 2022, frente aos impactos defasados do aperto monetário em curso, das incertezas políticas internas e da desaceleração global, bem como do encerramento definitivo do Programa “BEm” pelo Governo Federal.

Segundo o Ministério da Economia, o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm 2021) será pago quando houver acordos entre trabalhadores e empregadores nas situações de: redução proporcional de jornada de trabalho e de salário e suspensão temporária do contrato de trabalho.

O estudo considera como estagiário a pessoa ocupada a partir de 16 anos, sem carteira assinada, cujo contrato não ultrapasse dois anos, trabalhando até seis horas diárias em ofícios previamente selecionados e frequentando escola.

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Série histórica

Em 2021, o Brasil contava com cerca de um estagiário para cada três estudantes desocupados acima de 16 anos.

Ao todo, foram registrados no ano passado 707.903 estagiários, com maior concentração no Sudeste (298.492), seguido pelo Nordeste (156.202) e Sul (135.424).

Já as menores concentrações estão nas regiões do Centro-Oeste (72.833) e Norte (44.952).

Recessão e pandemia

O levantamento destaca que o acúmulo de desequilíbrios econômicos, como aumento do déficit fiscal, déficit externo e inflação no teto da meta, associado à crise política e aos desdobramentos da operação Lava-Jato, resultou em contração do contingente de estagiários em 2016.

Após recuperação, entre os anos 2017 e 2019, o número de estagiários reduziu significativamente em 2020, frente aos impactos econômicos da pandemia da Covid-19.

Desde então, a retomada da atividade econômica, o avanço da vacinação e a flexibilização do isolamento social, associados à demanda reprimida de consumo das famílias por bens e serviços, têm garantido maior dinamismo à expansão do número de estagiários, como traz a pesquisa.

Mundo do trabalho fragilizado

O estudo também mostra que o mundo do trabalho retornou ao padrão fragilizado do pré-pandemia.

Em meio ao desempenho positivo da atividade econômica recente, o contingente de estagiários somou 726.610 pessoas no País no 1º trimestre de 2022, superando em 18,2% o patamar do mesmo período de 2021.

Ou seja, a melhora recente no mundo do trabalho brasileiro, com expansão da população ocupada, é fruto de uma volta à normalidade debilitada do pré-pandemia, e não uma mudança em sua dinâmica.

A pesquisa destaca que, ainda que o mundo do trabalho se recupere dos prejuízos econômicos causados pela Covid-19, o retorno às condições registradas no pós-recessão de 2015-16 mantém o quadro de alta ociosidade.

 

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