‘Continuamos acreditando que o governo vai fazer o certo’, diz CEO do Santander
O CEO do Santander (SANB11), Mario Leão, acredita que o governo está no caminho certo para cumprir o arcabouço fiscal, apesar dos recentes ‘ruídos’ do mercado.
No mês passado, o Ibovespa despencou para quase 120 mil pontos, enquanto o dólar bateu em R$ 5,70 em meio à resistência do Planalto em cortar gastos. Apesar disso, o ministério da Fazenda bateu o martelo e confirmou o congelamento de R$ 15 bilhões, o que foi suficiente para aliviar a alta da moeda norte-americana e levar a bolsa para próximo de 130 mil pontos.
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“Revisamos nossas projeções de forma material, mas isso não quer dizer que a gente não acredita na agenda fiscal que o governo está implementando. Mas, obviamente, há um ruído que a evolução dos dados tem trazido, enquanto o externo não tem ajudado muito”, destacou o CEO em evento para a imprensa. Além disso, Leão lembra que os preços do mercado tem mexido ‘além do que deveriam’. Por outro lado, o executivo diz que vê espaço para uma ‘acomodação’.
Provisão preocupa?
Sobre o resultado, o CEO reafirmou o otimismo, após o banco reportar lucro líquido ajustado de R$ 3,3 bilhões, alta de 44,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, houve crescimento relevante no ROE, que mede o retorno sobre o patrimônio e indicador olhado com lupa por analistas, de 4,3 pontos percentuais, para 15,5%. O banco vê a operação ‘encaixada’ e não descarta que a empresa possa recuperar o patamar de 20%, exibido em 2020.
Mas o que chamou a atenção foi um ganho líquido não recorrente de R$ 1,9 bilhão relacionado ao seu acordo de joint venture com a Pluxee (benefícios corporativos), que foi compensado por provisões adicionais para perdas com empréstimos de R$ 1,9 bilhão. Parte dos analistas se perguntaram porque o banco segurou esse dinheiro, visto que os números melhoraram. Se tivesse ido para o lucro, o Santander teria fechado no trimestre com resultado de R$ 5,2 bilhões.
Inclusive, a provisão para perdas com empréstimos recuou 1,4%, para R$ 5,89 bilhões, puxado pela alta da qualidade de crédito, enquanto a carteira de empréstimos consolidada do banco aumentou 7,8%, para R$ 665,59 bilhões.
Mas para o CEO, o ganho líquido era não recorrente, enquanto o banco exibia um resultado sólido, com crescimento em quase todas as linhas. “Poderia ter fluído para o resultado? Claro. Mas fizemos porque a gente podia fazer, não porque a gente precisava fazer. Se a gente precisasse, falaríamos. Preferimos fazer não porque estou enxergando algo, mas porque trabalhamos em um negócio de risco, de macro, de concorrência super acirrada. Então, preferimos fazer um reforço de balanço, o que não quer dizer preocupação de gestão”, destaca.
Santander: Ação estacionada
Sobre o preço da ação, o CEO afirma que não está preocupado, mas também não está satisfeito. O papel do Santander acumula queda de 12% no ano, mesmo com a melhora do resultado. Nesta sessão, inclusive, o banco, que ameaçava subir do começo do dia, liderando as altas do Ibovespa, virou para queda e agora opera estável.
“Eu espero que o preço da ação, com o tempo, convirja. Temos uma recuperação importante pela frente. Não vou dizer o quanto é esse importante e nem quando vai acontecer. Mas, direcionamento, a nossa ação deveria recuperar o lucro. A nossa ação merece ter um nível de valorização, mas isso vai acontecer com o tempo”, discorre.
No geral, analistas gostaram do que viram. O Safra diz que os números foram razoáveis, com tendências de melhor qualidade de ativos, “o que poderia ser uma leitura mais positiva para o Bradesco (BBDC4) em comparação com outros operadores históricos, observando que as safras de crédito mais recentes estão em melhor forma”.
O banco também afirma que ao contrário do primeiro trimestre, onde a queda dos lucros foi impulsionada principalmente pelo NII (incluindo o NII do mercado), a do segundo trimestre foi atribuída a despesas de provisão mais baixas, seguindo tendências de melhor qualidade dos ativos.
Além disso, os analistas destacam a queda na inadimplência, refletindo uma abordagem conservadora à qualidade dos ativos do banco.