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Conteúdo falso de IA pode impactar mercados financeiros, diz UBS

29 maio 2023, 13:25 - atualizado em 29 maio 2023, 13:25
Tech, Inteligência Artificial
A disseminação dessa tecnologia deve dificultar distinguir entre a realidade e os chamados “deepfakes”, de acordo com os analistas do UBS (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

Analistas do UBS dizem que a disseminação da inteligência artificial tem potencial de ser “altamente disruptiva” para os mercados financeiros diante do uso da tecnologia na publicação de informações falsas, além de aumentar a probabilidade de vazamento de dados de propriedade intelectual.

Em um artigo sobre investimento com padrões ambientais, sociais e de governança (ESG) publicado na sexta-feira, Annabel Willder, Victoria Kalb e Julie Hudson, analistas do UBS, listaram todas as maneiras pelas quais a crescente adoção da IA generativa pode resultar em uma série de questões éticas.

“Informações imprecisas ou ‘confabulações’ geradas por modelos de IA e relacionadas a reguladores, empresas ou figuras públicas podem ser amplamente compartilhadas, com potenciais implicações no mercado”, escreveram os analistas.

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Esses exemplos já começam a aparecer. No início da semana passada, as bolsas nos EUA caíram por um breve período depois que uma fotografia falsa de uma explosão perto do Pentágono viralizou nas redes sociais. O evento se destaca como o que parece ser o primeiro grande exemplo de uma imagem gerada por IA que mexeu com os mercados e ocorre apenas alguns meses depois que a OpenAI lançou o chatbot ChatGPT, o que deu início a uma corrida global para desenvolver serviços semelhantes.

Diante desses riscos, muitos bancos impuseram restrições ao uso de programas de IA generativa. No início deste ano, instituições financeiras como Bank of America, Citigroup, Deutsche Bank, Goldman Sachs e Wells Fargo baniram o uso da ferramenta. O Bank of America disse a funcionários que o ChatGPT e a OpenAI estão proibidos para uso comercial, informou a Bloomberg em fevereiro. O JPMorgan Chase restringiu o uso do ChatGPT pela equipe.

A disseminação dessa tecnologia deve dificultar distinguir entre a realidade e os chamados “deepfakes”, de acordo com os analistas do UBS. Os riscos incluem a publicação de vídeos fake de CEOs divulgando atualizações corporativas falsas ou de investidores conhecidos anunciando ajustes em suas participações, todos os quais podem impactar os mercados, destacam os analistas.

“As considerações ESG à luz da crescente adoção da IA generativa são significativas”, escreveram. “Notavelmente, acreditamos que informações falsas e imprecisas podem ter impactos significativos no mercado se reguladores, representantes de empresas ou outras figuras públicas forem deturpados.”

Ao mesmo tempo, o interesse pela IA mudou a sorte das companhias por trás da tecnologia. A fabricante de chips Nvidia está perto de atingir um valor de mercado de US$ 1 trilhão após uma previsão de vendas turbinada pela IA, com a aposta de investidores em empresas que fornecem componentes essenciais para o desenvolvimento e hospedagem de inteligência artificial.

Sistemas de inteligência artificial podem se tornar tão comuns quanto computadores, impressoras e internet, dizem os analistas do UBS, segundo os quais a tecnologia representa oportunidades para setores como educação e medicina.

Os analistas também citaram os riscos de que a IA facilite o vazamento de dados de propriedade intelectual e segredos comerciais, à medida que informações confidenciais são inseridas nesses sistemas por usuários que buscam se beneficiar da análise da tecnologia.

“Qualquer compartilhamento de propriedade intelectual, seja inadvertido ou não, tem potencial de causar danos a empresas ou indústrias, se não forem tomadas medidas para evitar a violação da propriedade intelectual e direitos autorais”, disseram os analistas.