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Selic deve subir mais uma vez em novembro — o que fazer?

01 nov 2024, 14:00 - atualizado em 31 out 2024, 17:00
Decisão da taxa de juros acontecerá no dia 6 de novembro; saiba como ajustar sua carteira para se beneficiar do ciclo de alta da Selic. Crédito: iStock/Diego Grandi

Deve subir mais. A menos de uma semana da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os economistas do mercado financeiro continuam prevendo um aumento da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, até o final do ano. 

Hoje, a Selic está em 10,75% ao ano, mas a projeção do mercado é que essa taxa chegue a 11,75% ao ano até o fim de 2024, conforme o último boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (28) pelo Banco Central (BC).

Assim, os analistas esperam que o Copom eleve os juros gradualmente, com um aumento de 0,5 ponto percentual já na próxima reunião de 6 de novembro e, depois, uma possível nova elevação em dezembro, no encontro do dia 11.

Por isso, é melhor o investidor já ir se preparando — porque, ao que parece, os juros mais altos vieram para ficar (pelo menos até o ano que vem).

Isso porque o mercado estima uma Selic em 11,25% ao ano ao final de 2025, mostrando que o Banco Central terá pouco espaço para reduzir as taxas no próximo ano, em meio às pressões inflacionárias e à desancoragem das expectativas de IPCA.

Esse cenário de juros mais altos pode impactar, sim, seus investimentos. Mas você não precisa se preocupar: ainda há oportunidades para buscar lucros — não só na renda fixa, mas na renda variável também. 

Para saber como isso é possível, continue lendo essa matéria. Mas, em primeiro lugar, é preciso entender o porquê dos juros estarem subindo no Brasil.

Selic alta por mais tempo: entenda por que o Banco Central está subindo os juros no Brasil  

A taxa básica de juros é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação — isto é, o aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia (e que resulta na diminuição do nosso poder de compra).

  • A inflação, por si só, não é ruim. Afinal, uma inflação controlada pode indicar uma economia saudável e em crescimento, que incentiva as pessoas a consumirem. 
  • O problema, contudo, é uma inflação fora do controle, que sobe de forma rápida e imprevisível.

E o que está acontecendo no Brasil? Isso mesmo: a inflação está subindo de forma acelerada. 

Em outubro, a prévia da inflação oficial, indicada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), foi de 0,54%. Esse número representa uma alta de 0,41 ponto percentual em relação a setembro, quando o índice registrou alta de 0,13%. 

Sendo assim, a inflação acumulada de 12 meses subiu para 4,47%. Mas a meta definida para o ano de 2024 é de 3%, com tolerância de 1,5% (ou seja, até 4,5%). 

E os economistas não estão otimistas. O último Boletim Focus mostrou que a expectativa de inflação do mercado financeiro avançou pela quarta semana seguida, passando de 4,50% para 4,55% — acima da tolerância estipulada.

Nesse cenário, parece restar apenas uma alternativa para o Banco Central: elevar os juros, para assim, conter a alta dos preços e trazer a inflação de volta para a meta. 

Como a alta da Selic afeta seus investimentos? 

Tudo tem prós e contras. E na política monetária, não é diferente.  

De um lado, a alta dos juros é fundamental para manter a inflação sob controle e evitar a perda do poder de compra. 

Mas, de outro, ela impacta negativamente o crescimento econômico, de modo a desestimular o consumo e o investimento. É por isso que, de maneira simplista, o mercado financeiro não gosta de juro alto.

  • Afinal, uma Selic mais alta torna as taxas de financiamento mais caras, levando pessoas a comprarem menos e empresas a diminuírem investimentos, de forma a reduzir a demanda geral.

Nos investimentos, o ciclo de alta de juros também tem prós e contras — e é aqui que você precisa ficar ligado:

Na Renda Fixa

Com a Selic elevada, os títulos de renda fixa se tornam mais atrativos e tendem a se valorizar. Afinal, esses investimentos tendem a ter suas taxas de retorno atreladas diretamente à Selic ou a outros indicadores que acompanham a taxa básica de juros. 

Além disso, a renda fixa se destaca por ser um investimento capaz de oferecer retornos de baixo risco.

  • Nesse cenário, os títulos mais beneficiados são os pós-fixados, já que sua rentabilidade acompanha automaticamente a taxa Selic e seu preço oscila pouco. 

Na Renda Variável 

Se de um lado a renda fixa é beneficiada em momentos de juros mais altos, do outro, a renda variável tende a ser impactada de forma mais negativa. Justamente por isso, o apetite dos investidores por investimentos em ativos de risco, como ações e fundos imobiliários, costuma diminuir. 

Nesse contexto, é importante se atentar nos seguintes pontos na hora de montar sua carteira de investimentos:

  • Com a Selic elevada, empresas com alta alavancagem enfrentam custos maiores para financiar operações e projetos, o que pressiona suas margens e aumenta a cautela dos investidores em relação a essas companhias endividadas.

 

  • A alta da Selic também impacta o valor justo das empresas, pois aumenta o custo de capital usado no cálculo do Fluxo de Caixa Descontado (FCD). Com juros mais altos, o valor presente dos fluxos de caixa futuros diminui, fazendo com que o valor justo das empresas caia, o que pressiona o preço de suas ações para baixo.

Além disso, vale lembrar que, por si só, a alta de juros é uma medida contracionista, que visa  desacelerar a economia. Assim, quanto menor o consumo por produtos e serviços, menor também é o lucro das empresas. 

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Recalcular a rota. Em momento de mudanças na política monetária, é fundamental ajustar o seu portfólio — seja de ações, seja de renda variável. 

Não caia na armadilha de “apostar todos os ovos na mesma cesta”. Analistas recomendam a diversificação da carteira justamente para diminuir o risco do investimento e aumentar o potencial de retorno. 

Não se engane: mesmo em momentos de juros altos, ainda é possível capturar oportunidades de ganhos expressivos investindo nos ativos mais adequados para este momento. Por exemplo, priorizar títulos pós-fixados e ações de setores defensivos que possam resistir melhor às flutuações econômicas. 

E se você ainda tem dúvidas de como ajustar o seu portfólio para o cenário atual, pode ficar tranquilo: você não está sozinho. 

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Redatora do Money Times
Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (ECA-USP) e redatora para os portais Seu Dinheiro e Money Times
leticia.pinheiro@empiricus.com.br
Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (ECA-USP) e redatora para os portais Seu Dinheiro e Money Times
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