Rotation trade nos EUA é problema ou oportunidade? Analista responde e diz onde se posicionar neste mês
O mercado dificilmente se dá por satisfeito em uma mesma narrativa por muito tempo. Agora, é a vez da tese das big techs e da Inteligência Artificial saírem dos holofotes por um tempo.
Após meses carregando o índice S&P 500 às máximas históricas praticamente sozinhas, as big techs estão começando a perder o monopólio entre os investidores de renda variável nos Estados Unidos.
As últimas falas do Fed reforçam a confiança de que os cortes de juros nos EUA chegarão a partir de setembro. Com isso, parte do mercado interpretou que seria um bom momento para sair das big techs e apostar na tese das small caps – empresas menores cujo crescimento tende a se beneficiar em cenário de juros mais baixos.
Essa migração, chamada de rotation trade (ou ‘rotação setorial’) pode ser visualizada neste gráfico que mostra o desempenho do Russell 2000, que é um dos principais índices das small caps norte-americanas.
É possível notar que o índice passou por um rali durante o mês de julho, atingindo uma máxima de 2.264 pontos em 16 de julho, a maior desde 2021:
Vale acrescentar que, enquanto isso, o índice Nasdaq fechou o último pregão de julho com queda de aproximadamente 5% em relação ao início do mês.
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Rotação pode continuar pelos próximos meses
A edição de agosto do programa Onde Investir, do Seu Dinheiro (portal de notícias parceiro do Money Times), recebeu Enzo Pacheco, analista de ações internacionais da Empiricus Research. Em entrevista, o analista comentou que essa rotação setorial deve continuar pelos próximos meses.
E, quando perguntado se esse movimento é um problema ou oportunidade, Enzo respondeu:
“Na verdade, podemos ver como os dois. O problema é que a big techs têm uma participação muito grande nos índices. […] então qualquer movimento que essas ações fazem pra baixo, você tem que ter uma força muito grande das outras ações para compensar essa queda. […] Mas, para o longo prazo, é importante, sim, ver essas outras empresas [menores] se valorizando.”
Ainda segundo ele, há uma questão muito importante a ser ponderada quanto às small caps antes de investir:
“Os investidores têm que ter ciência de que essas empresas se beneficiam dos juros menores, mas muitas delas ainda não são lucrativas. Se você ‘pegar’ o índice Russell, cerca de 30 a 40% das empresas não dão lucro. […] Eu acho que a rotação vai continuar, mas nem por isso devemos abdicar dos papéis de tecnologia.”
Logo, o pilar da diversificação não deve ser ignorado, pois empresas menores podem oferecer ainda mais risco do que big techs com resultados sólidos históricos. É importante investir com cautela.
Quem espera pode perder oportunidades, segundo analista
É bom lembrar que essa movimentação é uma precificação antecipada do corte de juros esperado para setembro. Nesse caso, você pode até se perguntar: então será que não é melhor esperar até que os cortes aconteçam, já que é um movimento arriscado?
Na opinião de Enzo, não: o investidor que espera o corte para começar a investir pode perder boa parte da alta. E completou:
“É isso o que o investidor tem que ter na cabeça: […] tentar antecipar esse movimento para poder capturar a maior parte dos ganhos. Porque, se você esperar, quando o Fed cortar os juros, não vai ser mais uma novidade.”
Ou seja, existe a possibilidade que os ativos eventualmente se estabilizem, e o momento de ‘surfar’ a alta pode ser agora.
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